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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Controle Remoto

Já faz algum tempo que o meu pai herdou do meu irmão uma televisão de vinte e nove polegadas. Aparentemente o presentinho usado viria a calhar, mas a “bendita” tinha uns probleminhas... E ainda os tem!!!

Você está sentado confortavelmente no sofá vendo seu filme ou seu programa favorito quando ela resolve apagar sozinha... Às vezes é somente quando vai começar o intervalo, ou então sem aviso prévio. São constantes cliques no controle para fazê-la funcionar novamente. É como se ela precisasse descansar, recuperar o fôlego ou pedir uma pausa.

Já pensou se também fôssemos assim? Igual a televisões velhas querendo desligar do mundo de vez em quando e segundos depois voltássemos a funcionar como se nada tivesse acontecido? Já pensou se pudéssemos nos dar tempo suficiente para respirar, para sairmos do ar sem prejudicar ninguém e sem causar transtornos? Apenas um longo suspiro de desaprovação... Por que é assim que eu reajo todas as vezes que a televisão desliga... Suspiro fundo e a ligo novamente.

Por um lado certamente seria conveniente termos apagões repentinos. Poderíamos explicar ou entender algumas coisas. Ao levantar o controle remoto você apagaria e religaria sua vida... Mas nada é tão fácil assim, por mais que algumas cabeças lidem com as vontades melhores que as outras. Deve ser exatamente por isso que as diferenças nos tornem tão interessantes.

A idéia parece tentadora, mas esse controle é bem mais “descontrolável” do que imaginamos. Por mais difícil que sejam os dias, as dúvidas e as escolhas... Nossos apagões não são consertados em segundos... Deveriam talvez... Tendemos a supervalorizar nossas emoções e, de repente, uma pane passageira seria uma ótima saída!

Bjus... Ótima semana!

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Rio 40°

Os versos da música cantada pela Fernanda Abreu “Rio 40° graus, cidade maravilha purgatório da beleza e do caos...” nunca combinaram tanto com o momento em que a cidade maravilhosa vive. É quase surreal imaginar tanques de guerra andando pelas favelas e crianças recolhendo cartuchos de balas em troca de dinheiro.

Falar em paz é sempre algo contagiante, nobre... Porém, a tão esperada tranqüilidade faz vítimas, traumatiza, polui de pólvora um cenário de calor e natureza privilegiada. O pior do que viver no caos é viver no medo... Sem dúvida as ações são necessárias, não podemos mais deixar que a impunidade tome conta de um povo tão merecedor de vida. Já estamos vivendo há muito tempo no limite da criminalidade e das drogas destruindo famílias e meninos cheios de sonhos.

Tão estranho falar em pacificação diante um momento que sempre foi comum entre nós. De um cartão postal que já faz parte do Rio de Janeiro, mas que precisa ficar mais bonito. Os traficantes que chamam a polícia para o confronto dizem que defendem sua comunidade, mas o não rendimento coloca todos os moradores da favela cara a cara com a guerra. Impera a lei da sobrevivência, ou melhor... A lei do egoísmo!

Seguimos então torcendo que tudo acabe da melhor forma... Que as pessoas voltem a caminhar nas ruas e que o céu leve embora a fumaça cinza e o azul volte a adornar um cristo que continua de braços aberto, mas que parece cansado de tentar acalmar a todos. Talvez, além do Rio, Brasília precise também acabar com o seu tráfico... Tem muito bandido de terno e gravata por lá fazendo estragos!!!!

Até!!!

sábado, 27 de novembro de 2010

Noite Feliz!

Ontem levei a Mari e a minha afilhada para a chegada do Papai Noel aqui num shopping de Porto Alegre. Fiquei feliz em ver tantas crianças acreditando num sonho que á medida que os anos passam parece ficar de lado para a modernidade. A fantasia do bom velinho... Da cartinha com os pedidos de presentes... Com as promessas feitas sentadinhas no seu colo... Por que não deixar as crianças aproveitarem aquilo que de mais sagrado a pouca idade lhes proporciona: A MAGIA.

Do alto de um helicóptero só víamos o braço da veste vermelha acenando para a multidão que o esperava lá embaixo. As crianças gritavam e acenavam para aquela figura carismática, doce, única! Ajudado pelas manobras de luzes o Papai Noel aparece no alto de uma torre pronto para de rapel descer até mais próximo das crianças. Para isso sim a modernidade é bem vinda... Ao invés de recriar renas e trenós, improvisa-se um bom velinho apto em esportes radicais...

Ele desce até um prédio bem próximo e solta uma fumaça vermelha como se pela chaminé estivesse procurando uma saída. As crianças enlouquecem com o sumiço, com a expectativa de não perdê-lo de vista. Ele aparece em outra chaminé e novamente de rapel chega até o palco principal... Ao som daquelas músicas já manjadas de Natal, mas que de alguma forma ainda nos arrepiam e nos fazem entrar no espírito natalino e de fogos de artifício que enfeitam o céu somos acariciados com a voz suave do Papai Noel desejando o que estávamos ali esperando ouvir: FELIZ NATAL!!!

Olha aí o Papai Noel moderninho descendo de rapel...

Bjus!!!!

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Fora de mim!

Como eu prometi acabei de ler o novo livro da Martha Medeiros, o “Fora de mim”. Eu sou bem suspeita para falar da Martha, mas adorei o livro, principalmente a facilidade da leitura, e a rapidez que ele se destrincha.


A história é a narrativa de uma mulher que acabara de romper seu casamento. Tudo acontece em três partes: O momento da separação, seus medos, seu “fundo do poço”, a tentativa de superação e a amizade com a mulher do ex marido.

É uma bela demonstração de que os relacionamentos são grandes tempestades, paixões que avassalam e amores que acrescentam ou atravancam uma vida. Porque às vezes amamos tanto o que a outra pessoa nos provoca que nos esquecemos de seguir com nossas próprias crenças e valores. Mas... São coisas do amor... A Martha termina o livro com uma frase que resume um pouco de tudo isso: “Mas, com sorte, talvez eu consiga aceitar que no amor não existe moral da história, enfim.”


Depois de ler o livro vasculhando as minhas coisas achei um poema sobre separação:

ABANDONADA

"Adormeci achando que amava demais, amanheci abandonada por amor que faltava. Não entendi... Corri desgovernada procurando uma resposta, fiquei sem ela, sem nada... Nunca acreditei que ele teria coragem de sair sem pedir e deixar a sua vida, a nossa vida, os nossos sonhos.

Deitei na cama e acordei sozinha, carente. Não tinha um bilhete, nem nada que explicasse a fuga, a corrida, a partida. Pensei, me torturei, não encontrei salvação nos pensamentos e perdi a razão. Gritei, esbravejei, bati todas as portas e desmaiei nas minhas lágrimas.

Quando despertei vi a luz entrar pela janela e ao virar-me encontrei um vazio. O buraco da tua ausência, a escuridão do teu desdém. Respirei fundo, fechei os olhos e os abri novamente achando que o sonho acabaria. Era verdade, não estava sonhando, você me deixara... Eu ouvi seu boa noite, não acordei com seu bom dia. Não me lembro de ter dito algo para lhe afastar, não me lembro de ter vivido para a vida te levar...
Você foi... Não telefonou, não escreveu, apenas desapareceu do meu mundo e riscou toda a nossa história. Ainda questiono as minhas falhas e a tua covardia de não ter esperado o meu despertar. Saiu como um intruso, de mansinho, de gaiato, sem deixar rastros, pistas, sinais. Apenas foi... Esperei que retornasse, que me falasse, que implorasse perdão. Boba, esqueci que jamais se curvaria, eu não te julgaria, apenas queria que voltasse.

Sobrevivi, me acalmei, entendi que fui deixada para trás e segui... Segui com um buraco, com uma mágoa... Deixaste a tua marca em mim, me fizeste sofrer, me iludiu por inteira... O que hoje mais me atordoa é o fato de não ter olhado nos meus olhos e dito a verdade. De não ter me dado o respeito de acabar com decência e com hombridade. Te amei, te admirei, te valorizei... Hoje não te odeio, apenas finjo que você não existe mais..."

Até a próxima!!!!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Trocando as bolas

Sabe quando a gente acha que sabe o nome de alguma coisa, tem certeza que está certo, mas aí comete aquela “gafe”! E o pior... Quem passa vergonha é outra pessoa...

Não entendeu? Vou exemplificar então... Eu tenho uma sobrinha, minha xará, muito linda por sinal... A mãe dela e a outra tia perguntaram qual era o nome de um modelo de sapato que tinha uma sola mais alta na ponta do pé e que fica mais confortável para usar. O modelo chama-se “meia pata” e realmente é muito mais confortável... Porém a “tançinha” disse outro nome. Calma... Não vou revelar ainda...

Minhas cunhadas foram até uma loja então procurar o tal sapato. A vendedora se aproximou e elas pediram: - Gostaríamos de ver um sapato que tenha a “pata de vaca”. Dizem elas que a vendedora olhou meio estranho e respondeu segurando talvez a risada: - Não seria sapato “meia pata”? As duas não sabiam onde se enfiar e claro quase mataram a minha sobrinha, pois elas que passaram vergonha!

Tudo bem... Quem nunca cometeu uma gafe que atire a primeira pedra... Eu sou a rainha das trocas... Já nem fico mais com vergonha. Já aprendi a levar na brincadeira. Mas nem todo mundo entende ou leva na boa... Ainda tem gente que se preocupa com a opinião dos outros... Deixa pra lá... Errar faz parte do aprendizado!

Bem, um errinho de vez em quando tudo bem, mas a minha queridíssima sobrinha não estava satisfeita. Ela tinha que trocar as bolas novamente... A mãe dela comprou um tapete para colocar em frente da porta com uma figura de um cachorro que dizia: “VOLTE LOGO”. Ela passou pelo tapete e disse para a minha cunhada: - Pô mãe, o cachorro tem até nome né... Volta IOGO!!!!

Putz... Não sei qual é pior... A pata da vaca ou o IOGO... Essas duas com certeza vão ficar na memória... Vamos ter que relembrar por muito tempo essas pequenas gafes... O mais importante é que pequenas ou grandes, depois que passam a gente ri um bocado!!!! E vamos combinar... Rir sempre é o melhor remédio!!!!!

Olha a foto do tapete, ou melhor... Olha a foto do IOGO...hahahahahaha



Bjus!!!!! E não esqueçam... Vamos lançar a campanha: VOLTA IOGO!!!!!!!!!

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Dissabores

Nascemos e aprendemos que tudo vai dar certo... Ou pelo menos, vamos lutar para que dê! Mas aí, surge um probleminha aqui, uma pedra ali... E toda realidade desmorona sobre os nossos sonhos... Aos poucos vamos descobrindo que somos capazes de tapar furos, encapar buracos, varrer a sujeira para baixo do tapete, conforma-se ou não com as tempestades.

É certo... Também de dissabores vivemos. E eles chegam sem avisar... Uma crítica por uma atitude, uma resposta negativa por um pedido, uma decepção por alguém que não esperava. Enfraquecemos diante deles e perdemos um pouco de fé. Acreditamos tanto na perfeição da existência, na bondade do ser que esquecemos também a fraqueza da inocência, a vulnerabilidade das palavras.

Todos os nossos percalços nos criam cascas. Dão-nos de presente armaduras para ir em frente. Não queremos ser pesados, fardos, tristes e solitários... Queremos ser plumas, fáceis, alegres e rodeados de boas almas. Mas, para tanto é necessário tornar os dissabores apenas a entrada da nossa refeição. Não os valorizemos como prato principal... Não lhes demos trela, assunto ou discussão. Coloquemo-nos no alto da nossa prateleira de aprendizado e deixemos separados para quando precisarmos entender algo ameaçador.

Na altura dos nossos olhos, nessa mesma prateleira coloquemos os planos que deram certo, que servirão de exemplo, que darão gás a uma futura necessidade. Nossas tentativas frustradas lá no alto, não são menos importantes, mas devem ocupar um lugar menor na nossa vida. Afinal de contas... Enquanto estivermos vivos seremos surpreendidos por erros pequenos ou grandes... Tropeços ou quedas bruscas...

De repente nosso dissabor seja supérfluo... Tolerante... O time que perdeu o jogo da rodada, o filme da locadora que está locado, a chuva que caiu num planejamento de sol na praia... Eles são assim mesmo... Pequenos e grandes... Provisórios ou vitalícios... Superficiais ou profundos... Eles estão aí nos rodeando, nos perseguindo, nos mantendo atentos... Nosso dia-a-dia é cheio de surpresas, mas nem por isso vamos deixar de ser bem humorados... Tá certo... Você vai achar que eu vou dizer: “Faça desses limões uma limonada”! Mais ou menos isso... Prefiro dizer: “ Não esqueça de adoçar a sua limonada”!!!!

# Este texto foi publicado na minha coluna COTIDIANO no portal http://www.dentrodobairro.com.br/.
 
Bjus!!!!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Mais uma vez...saudade!

Ontem á noite estava remexendo as coisas da minha mãe e uma pasta cheia de papéis eu achei. Todos os cartões que desde pequena eu distribuo para a família. Desde quando eu mal sabia escrever até antes da Mari nascer... Uma loucura reler tudo aquilo! O que mais se destacava nesses papéis era a minha saudade quando já não morava mais em Porto Alegre... A expectativa da ida, a expectativa da descoberta, a ansiedade da saudade.


Tinha cartinha de quando voltei de São Paulo, quando retornamos para lá, da busca por emprego, do retorna a faculdade, quando decidimos engravidar da Mari... De todas as etapas, de todos os acontecimentos... Todo o meu amadurecimento está naquelas cartas... O meu crescer, as minhas angústias, os meus sonhos e as minhas alegrias...

Esse poema é um dos que eu escrevia nessas cartas...

“Eu queria descobrir o que passa aqui dentro do peito quando penso em você... A respiração parece sufocar, o ar parece faltar e as mãos tremem como se fossem a própria angústia...


Os olhos procuram uma referência, o corpo inteiro tenta moldar-se na forma de um abraço... As pessoas na rua exalam o mesmo cheiro, vestem as mesmas roupas, até falam a mesma gíria...


Os objetos remetem lembranças dos momentos vividos juntos... os dias ficam mais longos, as noites obrigam os olhos a aliviar as lágrimas... A música revive histórias e reprisa a melodia de um lugar deixado para trás... A casa parece perto, a estrada esconde a distância, o dia-a-dia ameniza o tempo...


Eu queria descobrir o que me dá aqui no peito... Essa saudade que me ensina a caminhar sozinha... Essa saudade que me transforma sempre em menina.”

Difícil sentir saudade, sentir falta de algo ou de alguém... Certo que ela nos fortifica nos impulsiona a encarar desafios... Ao longo da ausência vamos aprendendo a lidar com ela... Entendê-la, amenizá-la... Controlamos o peito, sacudimos os pensamentos... vamos à luta! E continuamos vivendo...


Bjus... Até amanhã!

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dentro ou fora

Você se considera uma pessoa introvertida ou extrovertida? Você se comunica com facilidade ou prefere ficar calado? Ainda bem que existem as diferenças, que mais que outros ou menos que outros nos destacamos ou nos escondemos atrás da multidão.
Ser comunicativo não é tarefa fácil, a não ser que você já nasça com essa pré disposição. Tentar relaxar e fazer parte de um grupo ou de uma conversa para quem é reservado é como pedir para andar de patins, sendo que você nunca ficou em cima de duas rodas. E pode ser qualquer situação... Num barzinho com amigos, numa apresentação no trabalho, numa consulta médica. A boca fica seca, as mãos molhadas... O assunto não brota e o tempo se arrasta parecendo andar para trás.
Por outro lado há os tagarelas, os carismáticos... Em qualquer roda eles se destacam, conversam e fazem amigos na maior facilidade. Da mesma forma que é difícil um tímido se mostrar é pedir para um desinibido se controlar. Nem esparadrapo na boca resolve. Ao invés de suar de medo se tremem por não poder se expressar. Há aqueles que têm facilidade de relacionar-se, mas não conseguem exteriorizar o que sentem... São fechados, restritos, remoem seus problemas sozinhos por não conseguirem se abrir.
Os controlados são rotulados como tristes ou bravos... Os exaltados são rotulados de excêntricos, malucos ou irresponsáveis. Os pré julgamentos são sempre intolerantes nessa hora e quando ganhamos a oportunidade de conhecer mais a fundo as pessoas nos surpreendemos com suas qualidades.
Não existe certo ou errado em ser introvertido ou extrovertido. As duas características podem trazer facilidades ou dificuldades. Eu acredito que o tímido sofra um pouco mais... O isolamento, a dificuldade de relacionamento impede o crescimento em várias áreas, mas mesmo assim ele pode aprender a soltar-se.
Tudo mais uma vez acontece dentro de nós. Nossos pensamentos, nossa força e nossos objetivos são grandes impulsionadores de atitudes diferentes. Nós mesmos direcionamos o caminho das nossas escolhas e dos obstáculos que aparecem. A vida nos ensina a lidar com eles, entender melhor nosso jeito de ser, nos torna um pouco mutantes... Moldamos nossas crenças, nossos traços, nossos medos... Aprendemos a querer mais, falar menos, ir em frente ou recuar em alguma situação... O tempo... Lento ou rápido nos guia para esse aprendizado.
Bjus!!!

sábado, 20 de novembro de 2010

Via Sacra

Quando morava em São Paulo vir para Porto Alegre, por mais que fosse longe era mais fácil... Agora, de Joinville, fica mais complicado. Difícil acreditar que estando mais perto o caminho fique mais turbulento. Mas acredite...É!!!!


Só agora o aeroporto de Joinville começou a operar com vôos mais frequêntes e baratos... Até então a opção mais acessível era Curitiba ou Navegantes. A minha passagem estava marcada para o aeroporto de Navegantes, mas para chegar lá se vai de carro, mais ou menos 1h de viagem, ou de táxi...Mais ou menos R$180,00 a corrida. Um absurdo né!!! Dinheiro ainda infelizmente não brota nas árvores...

Eu descobri que um ônibus da linha Catarinense que vinha de Curitiba passaria por Joinville e desembarcaria no terminal rodoviário da cidade de Navegantes... E dali até o aeroporto, mais uns 5 minutos de carro. Beleza... Esse é o plano! Pego o ônibus em Joinville, vou até o terminal e de táxi chego no aeroporto. Bem mais em conta!!!!

E foi bem mais barato mesmo... Só que foi quase uma “via sacra”... Ás 9:50 eu e a Mari pegamos o ônibus em direção a Navegantes... Mas, antes de chegar lá ele parou na praia de Barra velha, Piçarras e Armação... Chegamos na rodoviária 11:45. Sem falar num tiozinho que não parava de tagarelar. No trajeto de 2h ele contou para uma senhora ao seu lado toda a história da sua vida. Eu soube que ele era gaúcho, mas morava em Rondônia a muitos anos e estava de visita na casa do seu filho que mora em São José dos Pinhais no Paraná. Já tinha viajado mais de 60 horas de ônibus desde Rondônia e a viajem ainda duraria dois meses... Estava visitando todos os parentes da região. Entre os diversos assuntos vou destacar aqui uma frase que ele falou e que me marcou: “ Dignidade não tem preço”... Sábio tiozinho!!!!

Depois da interessante viagem de ônibus e da insistente perguntinha básica da Mari: “Mãe, já chegamos?” pegamos nossa “pequena mala” (Na verdade a mala é da minha mãe, tinha que devolvê-la... Mas de tão grande e pesada parecia um frigobar ambulante) e nos arremessamos para dentro de um táxi. Bem na hora chegamos no aeroporto para fazer o check-in. Nosso vôo estava marcado para ás 13h. Eu e a Mari loucas de fome fomos fazer um lanchinho. A minha filha se agarrou numa coxinha de frango e precisei fazer um comentário: “ Nossa filha... Tua mãe não te dá comida em casa?” Enchemos a barriga e fomos para a sala de embarque.

O vôo saiu no horário, o avião lotado... O piloto diz: “ Em breves 57 minutos estaremos aterrizando na cidade de Porto Alegre”. Quem vê pensa que a viagem só dura 1h... E todo o resto, os translados? “ Seu piloto... To desde ás 7h da manhã em função dessa viagem... Não vem me dizer que em breves minutos vou chegar... Já estou morta!” Porém, graças à deus que a viagem de avião era curta... Chegamos no aeroporto Salgado Filho, larguei a Mari com a Mãe e fui atrás da outra via sacra... Pegar as malas!!! Ainda bem que tudo estava conspirando a meu favor... Pela primeira vez nessa vida minha mala...meu frigobar ambulante foi o primeiro a rolar na esteira... Não acreditei... Joguei-me nela e fui para o esperado abraço com a família!!!!

Beijos, abraços e toda a alegria da chegada... Rapidinho pegamos um táxi e no meio do trânsito infernal de Porto Alegre já estava pedindo para descer. O motorista do táxi era “barbeiro” demais! Ás 14h45 chegamos em casa... Nem acreditei... Atirei-me no sofá e respirei o ar de Porto! Exatamente 5h mais tarde a viajem teve fim... É claro que meia hora depois eu já estava recuperada e pronta para bater perna por aí... Viajar é ótimo, mas cansa... A minha via sacra valeu a pena... Estar aqui sempre vale qualquer indiada...

Bjus... Bom final de semana!!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Do lado de cá!

Ontem de manhã eu estava a caminho de Porto Alegre quando a música do Chimarruts, “Do lado de cá” que também é toque do meu celular invade os meus ouvidos e a minha alma. Ela diz, nesse momento, tudo que estar aqui em casa representa para mim:


“Se a vida ás vezes dá uns dias de segundos cinzas e o tempo tic taca devagar... Põe o teu melhor vestido, brilha teu sorriso... Vem pra cá, vem pra cá...


Se a vida muitas vezes só chuvisca só garoa e tudo não parece funcionar... Deixe esse problema a toa, pra ficar na boa... Vem pra cá...


Do lado de cá... A vista é bonita, a maré é boa de provar... Do lado de cá... Eu vivo tranqüila e o meu corpo dança sem parar... Do lado de cá tem música, amigos e alguém para amar... Do lado de cá!


A vida é agora vê se não demora... Pra recomeçar... É só ter vontade de felicidade... Pra pular!”

Já pude sentir o cheiro da cidade, ganhar presente da vó, telefonema da dinda, ver meu afilhado feliz me esperando na porta da escola... Dividir o sofá e a batatinha com o irmão, comer uma pizza com a mesa cheia de quem mais amo... Coisinhas simples... Básicas até... Mas que fazem toda a diferença na minha vida! Hoje o dia segue reencontrando as pessoas que estão no meu coração... Com saudades, é claro do pedaço que ficou em Joinville... Do lado de cá continuo matando saudades, encontrando sorrisos, escrevendo a minha história... O tempo é curto, tenho que aproveitar tudo... Aqui não tem chuvisco, o sol tomou conta dos dias... Ficou curioso? Vem pra cá... Vem pra cá!

Bjus com o gostinho dos pampas!!!!

Apelidinhos carinhosos

Fala pra mim... Você e seu marido têm um apelidinho especial! Eu tenho certeza que sua namorada chama-lhe de alguma coisa bem fofinha. E não é para ter vergonha... Acho bem bacana essa forma de tratamento. Não precisa ser nada muito meloso ou infantil, mas algo que agrade os dois. E se preferir, também não precisam se tratar assim... Nada mais original do que o tratamento convencional... O nosso nome é a nossa melhor marca!


Eu discordo dos apelidinhos que, mesmo dizendo que são carinhosos, lá no fundo nos deixam com a pulga atrás da orelha. Um dos meus sobrinhos, por exemplo, chama “carinhosamente” a sua namorada de “gorda”... Coitadinha, ela é magérrima! Mas ele não é o único... Têm muitos por aí que chamam à namorada ou a esposa de “cabeção”, “baleia” e tantos outros. Não consigo entender o romantismo dessas palavras... O amor escondido por trás de tamanha falta de bom gosto... Meu sobrinho amado, assim a titia fica decepcionada... Tu és bem mais criativo que isso!

Aqui em casa temos nosso apelidinho... Ele não é ofensivo, mas confesso que é bem estranho... Já é a nossa marca, nosso patrimônio... Não me lembro muito bem como ele surgiu e também não sei explicar o porquê agradou a ambos. As pessoas que convivem conosco ouvem com freqüência, mas escancará-lo aqui vai perder toda a intimidade que ele necessita para ser especial. Tá, eu sei... Escancarei o do sobrinho, mas o dele pode... Depois me acerto com ele. É a minha reinvidicação de que nós mulheres precisamos ser bem tratadas também nos apelidinhos... Sei que muitas vezes a intenção é genuína, mas fica meio estranho.

Nesses casos, na qual os casais têm um carinho especial de se comunicarem, é importante que os dois estejam contentes com a expressão. Não adianta nada só um estar satisfeito com a brincadeira... Brincar sozinho não tem graça! E acho meio brega chamar a mulher de “mãe”, ou o marido de “pai”. A “breguice” não deixa de ser uma forma de ser, é atual, moderno às vezes também... Mas cada um tem sua posição dentro da família... Você já tem a sua mãe, o seu pai, não precisa de mais um.

Bem, eu vou continuar com o meu apelidinho escondido... Tá ouvindo Bernardo... Sei que tu tá louco para falar... Te segura! E você pode continuar com o seu, escolher um novo ou acabar com essa história. Se o negócio estiver muito forçado, não tá certo... O apelidinho precisa ser leve, descontraído, um meio de unir e não afastar... Se você sente-se pesado na hora de falar, tem alguma coisa errada... Não complique seu momento de intimidade... Deixe-o rolar naturalmente... Com apelidos ou sem o importante é se respeitarem, se curtirem e claro... Se amarem!

Bjus... To indo pegar o meu avião... To chegando Porto!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Primeira vez!

Ainda não descobri porque precisamos dividir a nossa vida em antes e depois de algumas coisas. Desde que nascemos somos apresentados a tantas novidades, desafios e formas de ser. A primeira roupa, o primeiro sapato, a primeira mamada, a primeira fruta, o primeiro passeio, o primeiro brinquedo... A primeira engatinhada, o primeiro dente, a primeira vez de falar mamãe ou papai, o primeiro passo... O primeiro tombo, a primeira escola, a primeira professora, o primeiro não...

Nossa vida resume-se em divisores de águas... Em descobertas e conquistas que com certeza nos dizem algo. Precisam nos dizer!!!! Crescemos um pouco e ganhamos a primeira motoca, a primeira bicicleta, o primeiro computador, o primeiro telefone celular... Alguém precisa nos explicar porque de tudo isso... Porque somos bombardeados com primeiros e não segundos... Porque o primeiro precisa ficar marcado... Precisamos saber... Não é á toa que viramos adolescentes e sofremos com o primeiro amor, o primeiro beijo, a primeira transa... A primeira nota baixa, ou a primeira nota alta... A primeira vez de pegar o ônibus sozinho, a primeira vez de ir pra balada...

Continuamos crescendo e quando achamos que já fizemos todas as descobertas, que já saímos das fraldas... Apresenta-nos a primeira decepção, a primeira ilusão, o primeiro falso amor, o primeiro choro devastador, a primeira mentira, o primeiro namorado... Ganhamos o primeiro carro, o primeiro emprego, o primeiro cartão de crédito, a primeira conta bancária... A primeira dívida, o primeiro choque com a realidade...

Crescemos de vez... Nada mais nos surpreende... Somos adultos... Já vivemos, experimentamos, caímos, superamos! Não... Ainda não... Vem o primeiro marido, a primeira casa, o primeiro filho, o primeiro cachorro, a primeira separação, o primeiro neto, a primeira viagem fora do país, a primeira reunião de escola, a primeira vez que seu coração sente-se maior do que é...

Agora sim, depois de alguma certa maturidade entendemos que continuaremos sendo apresentados a alguns primeiros. A vida, essa nossa, que alguém planejou perfeitamente é desenhada desde os primeiros passos... Até os nossos últimos... Somos presenteados com “primeiros tudo” para nunca perdermos a sensação de que estamos vivos e recomeçando sempre... É a forma de entendermos que não paramos no tempo, nem com a idade, nem com as mudanças... A cada nova etapa somos acariciados com primeiros passos, primeiras escolhas... Admito que o descobrir as vezes é dolorido, traumatizante... Mas necessário para continuarmos a nossa jornada... Talvez hoje depois de refletir sobre isso eu tenha aprendido a não supervalorizar os primeiros... A curti-los sim, aproveitá-los... Porém, estar aberta para os passos seguintes, os segundos, terceiros... Tudo que torna nossa vida importante e interessante! Com certeza nossos primeiros são especiais, irrelevantes na nossa história... Fazem parte de quem somos e nos tornamos... Nos ajudam a encontrar quem ainda vamos ser!!!!

Bjus... Até a próxima!

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Festa infantil!

Esse sábado a Mari foi convidada para duas festas infantil. Sabe como é, parece que todo mundo adivinha... Uma final de semana não tem nada... No outro tem que correr para conseguir dar conta de tudo. A sorte dela é que os horários das duas festas encaixavam-se... A mamãe aqui é que precisaria correr!!!!


A primeira festa, de uma amiga do balé, foi na casa da mesma, no horário do almoço... Um delicioso churrasco era servido enquanto a criançada fazia pinturinha no rosto, esculturas de balão com o talentoso “Azeitona”, piscina de bolinhas e brincadeiras diversas com os criativos monitores da recreação. A Mari estava com um pouquinho de febre, o olhar um pouco caído, mas nem pensar em voltar para casa... Ela queria estar lá no meio da criançada.

Eu só conhecia a mãe da aniversariante, todo resto era estranho pra mim... Mas isso nunca foi problema, volta e meia conversava com alguém... Os filhos sempre são um ótimo assunto... Veio o parabéns, os brigadeiros, o bolo e eu já enjoada de tanto doce precisava achar a Mari para o outro aniversário. Que nada... Estava bem feliz assistindo um filme de uma galinha que hipnotizou todas as crianças no quarto. Não lembro o nome do filme agora, mas com certeza vou ligar para descobrir quem é essa que deixa as crianças paradas e em silêncio... Uma santa galinha!!!!!

O filme terminou nos despedimos de todos e partimos para a segunda festa... Do outro lado da cidade, num parque dentro do shopping. A Mari queria passar em casa para colocar uma fantasia, mas fui obrigada a negar. Se, naquele instante entrasse em casa e enxergasse o meu sofá... Adeus festa! Ela entendeu e seguimos nosso rumo. A segunda festa era de um colega da escola, e, ao contrário da primeira, já conhecia muitas mães e pais. Eu estava empanturrada da outra festa, mas não resisti às delícias que me apresentaram... Joguei-me com tudo e aproveitei... Depois eu corro atrás do prejuízo!!!!

A Mari já chegou tirando o sapato e raras vezes a vi na festa. Tinha um brinquedão gigantesco, com túneis, labirintos, bolinhas, vídeo games, brinquedos, tatuagens e o cinema 4D. Primeiro foi muito engraçado ver a Mari sozinha dentro do cinema por uma televisão do lado de fora. Dei muitas risadas vendo a minha filha primeiro com medo, travada na cadeira, depois solta e serelepe com os amigos. É claro que a mamãe aqui também queria experimentar. Coitadinhas das crianças que precisaram agüentar os meus gritos... Diverti-me horrores!!!

Depois de muitas conversas, sobre os filhos novamente... Já eram quase 21h quando me entreguei ao cansaço e voltamos para casa. Eu não podia ver comida, a Mari desmaiou no sofá e o nosso dia terminou... Nada melhor que voltar a ser criança de vez em quando e com a filhota curtir uma festinha....


A Mari na primeira festinha depois de um banho de espuma...


A Mari e seus amigos na segunda festa no cinema 4D

Bjus... Ótimo feriadinho!!!!!

domingo, 14 de novembro de 2010

Pais e filhos

Esta manhã eu tive uma longa conversa com o meu irmão pelo telefone e falávamos da importância dos pais no desenvolvimento dos filhos. Mais importante ainda nossa visão perante as suas qualidades e suas necessidades de ajuda. Todos os dias somos surpreendidos pelos filhos por novas descobertas e por sinais de que algo pode estar errado. Nós pais precisamos enxergar e entender esses sinais para podermos criar a consciência de que nossos filhos podem não ser perfeitos, que precisam ser empurrados para um apoio que vai além da nossa capacidade.

Desde o momento em que um casal decide ampliar a família e agregar um filho ao lar, desde essa hora a dificuldade da tarefa deve ser avaliada. Uma criança, um filho acarreta em muitos momentos felizes, de alegrias, de realizações... Porém, o trabalho é árduo, duro, com extrema responsabilidade de educar, gerar valores, encaminhar da melhor maneira para a sociedade. Nós pais nos permitimos falhar, pecar por puxar demais, por tentar acertar... Assim como nossos filhos não somos perfeitos... Também possuímos limitações e necessitamos também de aprendizado constante. Nossa tarefa primordial é entregar amor suficiente para fazê-los se sentirem seguros e orientados.

Estamos constantemente buscando meios de proporcioná-los uma vida saudável, sem vícios, com opções de lazer, divertimento e principalmente educação. Ensinamos o discernimento... O certo do errado... O poder de fazer o bem... De ser generoso, de doar-se, compartilhar, dividir... Explorar! Lutamos contra um mundo mau que ao contrário do que ensinamos em casa, ensina nas ruas o poder de ser mais esperto, de pensar somente em si, de doar para receber algo em troca.

Nossos filhos precisam saber que o mundo é difícil e cruel muitas vezes... Que mais importante de ser esperto é ser correto... É saber que fazendo o melhor de si estará buscando qualidades para a sua vida... Superar os próprios limites e os próprios degraus ainda é mais louvável que passar por cima de alguém... Nós pais somos o exemplo... Nossas atitudes são copiadas e valorizadas. Nosso papel e nossa luta na formação de caráter são diários. Todos os dias nos entregamos a eles e recebemos também algum ensinamento. Ainda é a forma mais bela de troca que eu conheço... Pais e filhos descobrindo o mundo!!!!!

Bjus!!!

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Depois dos 30!

Quando a gente tem vinte e poucos nos preocupamos em chegar nos trinta... A gente sabe que vai perder o rótulo de guria e passar a ser balzaca! Meu Deus... Além de ter que retocar os fios brancos, ainda conviver com um apelidinho bem sem graça. E vamos combinar que depois que os trinta chegam e você passa a encará-lo de boa percebe que tudo mudou... Para melhor!

Você não tem mais o metabolismo dos vinte, mas tem as curvas perfeitas da maturidade. Um pouquinho antes dos trinta seu relógio biológico desperta e se, até lá ainda não teve filhos, está maluca por um “ranhento” da sua vida! Você se estressa menos, ou talvez releve mais... Conquistaste à auto estima tão desejada na adolescência que começa a aceitar melhor o seu corpo e as travessuras da sua alma.

Se for casada entrega-se totalmente, sem frescuras, sem joguinhos... Se está à procura, quer algo sério e duradouro... Quer diversão também, mas a maioria em busca do seu reprodutor! Não me olha desse jeito... É verdade... Talvez algumas mulheres de trinta são tão independentes e auto-suficientes que não queiram ter filhos e companheiro... Mas a maioria está à procura do velho príncipe... Do cara que já virou sapo... Virou príncipe... E voltou a ser normal...

Depois dos trinta as mulheres são mais corajosas... Audaciosas... Sensuais também... E, na maioria das vezes nem percebem sua sedução, seu poder em cada palavra dita, em cada sorriso estampado no rosto. São donas de si, dos filhos e de tudo que precisar atenção... Deixaram os vinte para trás e já se preocupam com os quarenta a seguir...

O problema maior é chegar nos trinta... Depois tudo se organiza dentro de nós... 31, 32, 33... Os anos seguem o fluxo da nossa existência e mesmo nos olhando no espelho todas as noites passando nosso creminho noturno ainda enxergamos traços da menina mulher que recém deixamos escapar das mãos... Continuamos sensíveis e duras ao mesmo tempo... O choro é fácil nos filmes de amor... Mas na vida real já estamos mais preparadas para alguns obstáculos... Ainda somos ciumentas... Fazer o quê, mulher carrega isso toda a vida, mas aprendido a confiar em nós mesmas, nos sentimos mais seguras em relação a nossos parceiros.

Sempre idealizei os trinta como algo bem distante na minha vida e ele chegou bem tranqüilo... Quem dera pudéssemos ter a vitalidade e o corpinho dos vinte na cabeça balzaquiana... O melhor, é que do corpinho podemos dar um jeitinho... Pra vitalidade também... As solteiras podem ainda voltar a ser baladeiras... As casadas podem ser também com seus pares... Ou com suas amigas... Ou sozinhas... Não sei... Depois dos trinta nos permitimos testar possibilidades, ser o que não fomos... Redefinir conceitos: Balzacas não... Divertidas!!!

# Este texto foi publicado ontem no portal http://www.dentrodobairro.com.br/ na minha coluna COTIDIANO.

Bjus!!!!

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quero colo!

O escritor Rubem Alves disse: “A saudade é nossa alma dizendo para onde ela quer voltar...”


Estou de viagem marcada para Porto Alegre e igual a um presidiário riscando os dias no calendário me encontro perdida na minha ansiedade. Essa época do ano, a época de esperar pelo Papai Noel é que sinto mais saudades de casa. Do cheiro das árvores, das flores que caíram ao chão, do Natal que ilumina e adorna a cidade.

To precisando do colo da mamãe, das comidinhas do papai, das risadas com o irmão... To precisando do colo das amigas e das conversas leves e descontraídas. To precisando do cheiro dos sobrinhos, do carinho dos afilhados, de todos esses que estão dentro de mim... Longe de mim... Mais que sentir as pessoas to precisando do colo de Porto! Andar pelas ruas; curtir uma praça; sentir o cheiro do churrasco. To carente da minha cidade, das minhas origens, das minhas lembranças. Quero passear no “Brique” da Redenção, no Olímpico, comer bolo de chocolate na “Delícias”, um xis de quatro queijos no “Crisps”. Eu quero garimpar o centro, tomar café no Iguatemi. Eu quero a minha agenda lotada e o filme com pipoca no meio da tarde no sofá de casa. Quero dormir no mano; buscar meus outros filhos na escola, pegar um cineminha com a pirralhada... Ver a Mari curtindo tudo que ela vê os outros usufruindo e que só tem de vez em quando. Eu quero ouvir o som dos aviões... O sotaque carregado... As notícias do GRE – NAL.

To precisando esbarrar com as pessoas na rua, dizer um oi, colocar a fofoca em dia. Abrir a janela cedo da manhã e ouvir a cidade pulsar... O movimento, o estardalhaço, os vizinhos, a bagunça, a multidão... To precisando me sentir um pouco filha, um pouco irmã, um pouco tia, um pouco amiga... Ser visita, ser recebida... Paparicada... To querendo recarregar a bateria... Sentir-me parte de algum lugar!

To chegando... To desembarcando nesse solo sagrado, especial para mim, pra vários, pra muitos... Enquanto o dia não chega eu continuo por aqui igual cachorrinho sem dono, de orelha caída sonhando com o pôr-do-sol do Guaíba, com as tardes mais longas... Com a família reunida...
PORTO!!!!!!! Quero colo!!!!!!

Bjus cheios de saudades!!!!!!!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Fuxicando

Já faz algum tempo que fiz minha carteirinha de artesã pela Fundação Cultural aqui de Joinville para poder expor as minhas peças de fuxico e “biju” para a comunidade. Já faz um ano que o artesanato entrou na minha vida como terapia e continua sendo um ótimo psicanalista pessoal. Além, é claro, de render uma graninha sempre bem vinda aqui em casa! Com a carteirinha tenho a chance de todos os sábados expor numa feira que acontece no centro da cidade em frente à biblioteca municipal. Ainda não consegui ir muitas vezes, na verdade um dia apenas, porque quando não é o Marcelo que está de folga e aproveitamos para passear é a chuva que atrapalha meus planos.

No sábado que consegui participar da feira, pleno sábado véspera de feriado do dia das crianças saí de casa toda animada louca para montar a minha mesa e vender tudo. No início da manhã o movimento já estava fraco e as poucas pessoas que apareciam procuravam bonecas de pano para presentear alguma criança. Umas tímidas mulheres paravam para bisbilhotar e eu sorridente fazia propaganda das minhas peças. Olhares daqui, dali e ninguém comprava nada. OK! Vou pegar o meu livro e dar uma lida. Até que uma senhora também participante da feira chega com seu marido para montar a sua barraca. Acomodaram-se do meu lado e começaram a abrir o material. Eram fofinhas roupinhas para cachorro.

Por um breve momento, e foi breve mesmo, pensei se alguém realmente comprasse roupa para seu cão, mas fui surpreendida pelo movimento devastador da banca. Enquanto eu estava ali, lendo, roendo as unhas, rezando para uma alma caridosa me contemplar com uma compra, a barraca dos cachorros estava “bombando”. Ela vendeu chapéu, vestido, macacão, lenço, de tudo. Tudo que seu lindo cãozinho precisa para ficar belo e quentinho.

Foi verdade... Fui arrasada pela tia dos cachorros! Todos achavam meus brincos lindos, mas preferiam gastar seu “dindin” na barraca vizinha. Para completar a maré de azar uma nuvem preta de chuva parou bem em cima da feira e uma ventania estava quase levando as barracas embora. Eu tive que as pressas recolher tudo e de mãos vazias voltar para casa. Não vendi nada, nadica, nem um vintém... Levantei a cabeça, estufei o peito e saí jurando ódio mortal pela barraca dos cachorros.

Claro que não! Coitadinha da tia que teve uma ótima sacada e descobriu nas roupas de cachorro um belo atrativo para a feira de artesanato. Não tive chance de ir à feira novamente, acho que nesse final de semana vou me atrever novamente... Sabe como é... Desistir...JAMAIS!!!!! E, quem sabe, junto com os fuxicos leve também umas bijus para cachorro... Não to apelando não... Só estou dançando conforme a música!!!

Olha a banca aí:


Bjinhos!!!!!

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Jeans surrado

Eu sou viciada em calça jeans e tenho quase certeza que dentro do seu armário tem aquela calça velha que você não se desfaz. Talvez nem sirva mais, mas você continua com a esperança que seus 3 kg a mais vão evaporar e ela volte a vestir perfeitamente. Ela é mais que sua amiga fiel... É sua melhor escolha sempre!

Assim como a calça, você carrega outras coisas na sua vida que talvez precisassem ir para o lixo. Um emprego que lhe paga sem atrasos, mas que não lhe desafia a ser melhor; Um amor que lhe trás comodidade, mas não ilumina seus olhos; Uma vida segura, sem surpresas dentro da comodidade das suas previsões.

Vestimos nosso jeans surrado, nosso coringa, a roupa que nos deixa confortáveis e belos. Nem ligamos para os rasgos que começam a surgir, pelo zíper que emperra e pelas manchas na costura. E assim vamos fazendo com tudo que nos cerca. Não arriscamos comprar o CD de um artista novo ou o livro de um autor desconhecido. Quem dera então experimentar uma comida diferente, mudar a cor do cabelo e pintar a sala de verde limão. Certo, exageros à parte, não vá pintar sua sala de verde limão, ao perdermos a coragem de jogar a velha calça jeans fora, igualmente perdemos a coragem de modificar aspectos tão estruturados na nossa vida.

O meu marido diz que tenho medo de arriscar, pois como uma autêntica taurina preciso de segurança, mas a cada ano, á medida que o amadurecimento vai chegando começo a enxergar novas possibilidades em novas atitudes. A cada desapego ganhamos a chance de viver experiências novas. Livrar-se das velharias, dos pseudo prazeres e da ilusão de perfeição. Estamos nos libertando e permitindo-nos viver outras realidades.

Com certeza vai ser difícil encontrar outro jeans. Porém, um dia em que não estiver procurando você entrará numa loja e ao experimentar a calça nova sentirá aquela sensação tranqüilizante. As mudanças na sua vida também são assim: Começam tímidas, azedas e até dolorosas... Depois se transformam em rotina, prazer e conforto. E o ciclo vai persistindo... Estaremos sempre remodelando o nosso dia, nosso futuro... Vamos acumulando calças velhas e experiências inesquecíveis. Não importa o tempo que leve... E espero que você viva muito... Nesse meio tempo se entregue as novidades e descubra novos prazeres. A cada amanhecer temos a chance de recomeçar, de escrever uma nova história... Escolha ser o protagonista sempre!!!!

Bjus... Uma boa semana!!!!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O seu MARKETING

Fala-se muito nas empresas em “Marketing” e tudo de bom que ele acarreta. Todas as vantagens que, se bem usado, pode contribuir para o sucesso de uma organização. Porém, você já deve ter ouvido também em “Marketing pessoal”. Vamos dizer que é, mais ou menos, a propaganda de si mesmo... A forma como você se apresenta, se enxerga, se vende! E não to falando de você somente no seu trabalho, galgando novos cargos, postos ou aquilo que almeja, estou falando também em como você se apresenta para o mundo, para a vida.

Muitas pessoas são especialistas em marketing pessoal... Vendem espetacularmente sua imagem que até duvidamos se há tanto conteúdo dentro delas mesmo. Porque não adianta somente vender a casca, a embalagem se o interior estiver estragado, violado... Aí é propaganda enganosa! Você não precisa colocar no seu rótulo todas as suas qualidades, mas precisa deixar explícitas as suas características mais relevantes.

Há diversas formas de se fazer esse marketing, de colocar seus pensamentos fora de sua alma e fazer com que os outros enxerguem e o entendam melhor. É um hábito, um costume, uma forma de transformar suas convicções em atitudes positivas, que de alguma forma lhe beneficiem... Dentro da sua empresa o marketing pessoal pode lhe trazer status social, novas oportunidades de negócios e até a sua realização profissional... O seu marketing, aquele que você usa no seu dia-a-dia pode lhe dar escolhas de agir. Você decide o que é bom ou ruim para você. No trabalho ou na sua vida pessoal encare como um desafio, uma chance de se analisar, se conhecer e aí sim se mostrar.

Sem dúvida não é tão fácil quanto parece se promover, se analisar, se entender... Entre o Marketing pessoal e a humildade há uma linha muito fina, muito próxima. Não deixe que a sua exposição de valores arrebente a linha da sua simplicidade, da sua educação, do seu bom senso. Não há problema em se mostrar, em tornar-se visível... Seja coerente, use as ferramentas certas para o seu crescimento e torne-se um especialista de você mesmo!!!!

Bjus... Ótimo final de semana!!!!

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Novos ventos

Você já deve ter escutado a música do Biquini Cavadão “Vento Ventania”:


“... Me leva para as bordas do céu, pois vou puxar as barbas de Deus... Vento ventania me leve pra onde nasce a chuva, prá lá de onde o vento faz a curva... Me deixe cavalgar nos seus desatinos, nas revoadas, redemoinhos...”

Depois da ventania que sempre acontece nos dias anteriores ao feriado de Finados, trago á tona esse vento... Esse ar que algumas vezes nos incomoda, mas que outras nos liberta. Assim como o vento que varre tudo por onde passa... Nós também nesses dias nos apoderamos de sua força para fazermos uma faxina na nossa alma e colocarmos o lixo das nossas tristezas fora. Igual ao ar em movimento nos mexemos também a procura de sensações mais quentes, temperaturas mais amenas ou furacões devastadores.

Ao sentir o vento batendo no rosto me encho de esperança, de novas possibilidades, de terras que se modificam e abrem novos caminhos. De tudo que estava estático e que saiu do lugar e se transformou em algo diferente. Quando a ventania invade o nosso corpo, assim como ataca cidades, nos destrói, nos desgoverna... Mas, diferente das estruturas que são abaladas no mundo, dos desabrigados e das perdas materiais e humanas, o vento dentro de nós nos permite recomeçar... Entramos no seu redemoinho, no seu abismo para depois voarmos na brisa de novas perspectivas. Suavemente abrimos os olhos e identificamos novos traços... Novas vias... Horizontes que estavam encobertos e que agora se transformam em muitas alternativas.

O vento carrega o pólen para as flores, ajuda a primavera a florescer... Ajuda a natureza a ficar colorida e viva. As sementes também são colocadas dentro de nós para cultivarmos, para colorirmos nossos dias, nossos atos, nossos sonhos... O vento dá força para a vela impulsionar o barco, desbravar o mar, deslizar sobre as ondas e descobrir a imensidão do oceano. A mesma imensidão dos nossos sentimentos... Ele sopra nossas incertezas e nos ajuda a recompor nossos valores.

“... Me leve sem destino. Quero juntar-me a você e carregar os balões pro ar. Quero enrolar as pipas nos fios, mandar meus beijos pelo ar... Vento ventania me leve pra qualquer lugar, me leve para qualquer canto do mundo... Ásia, Europa, América...”

Nos apossemos então das correntes de vento para comandar a nossa vida. Elas não tem caminhos certos e planejados... Nós mesmos podemos moldar nosso destino, nossas ações, nossas ventanias... Não espere o seu vendaval transforma-se em ciclone para começar agir a seu favor... Aproveite a brisa, o bom senso para tomar ou redefinir escolhas... A sua ventania está aí, em algum lugar precisando se movimentar... Liberte-a dentro de você!

# Este texto foi publicado ontem na minha coluna COTIDIANO no portal http://www.dentrodobairro.com.br/.

Bjus!!!!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

A turma da "Katcha"

“Era uma vez sete amigos que se conheceram no trabalho... Eles se identificaram, não logo de cara, mas ao passar do tempo se uniram para compartilhar momentos de alegria”.


Como é lindo o início dos contos de fadas não! Faz-nos acreditar que tudo é possível e verdadeiro... E essa história foi real mesmo... Continua presente na minha vida e, de alguma forma, se transformou numa linda história de amor...

Há exatamente 12 anos atrás quando comecei a trabalhar encontrei algumas pessoas que transformavam o meu dia em algo mais que valioso... Ganhei amizades sólidas e duradouras que me acompanham até hoje. Tudo começou quando eu, a Déia, a Laura, a Lia, o Marcelo, o Edson e o Marnem fundamos a “turma da Katcha”... A turma da Cachaça!!!! Na verdade nunca fui uma boa parceira para beber todas e tal, mas modéstia a parte sempre fui uma ótima companhia para celebrar, ouvir e chorar. Reuníamos-nos para tudo... Beber, comer, rir, dançar, viajar... Fizemos algumas indiadas e temos muitas histórias que relembramos sempre que nos encontramos. Foi uma época mágica nas nossas vidas!

E como em toda turma sempre surgem os casais... O primeiro foi desmascarado... Na verdade, o Edson sempre deixou bem escancarado... Ele e a Déia são casados até hoje e a menos de um ano nasceu o Murilinho... Um príncipe! E, é claro que a história de amor também aconteceu comigo... Foi na “Katcha” que conheci o Marcelo... Primeiro éramos só amigos mesmo... Nunca passou pela minha cabeça me envolver com ele. Até que um dia ele desabafa tudo que sente e me deixa na defensiva... Foram muitas tentativas até ele desistir... Aí eu comecei a sentir falta... Tinha que ouvir a Lia e a Laura principalmente sempre nos meus ouvidos dizendo: “Jú... Esse careca vale ouro”! Pois é... Eu paguei pra ver... E descobri que valia mesmo!!!

A Turma da “Katcha” tenta se encontrar às vezes... É difícil reunir todos os membros, mas mantemos contato seguido. São aquelas amizades que podem passar anos... Eles estarão sempre lá fazendo parte da minha história e me ajudando a escrever os próximos capítulos. Mais tarde o marido da Laura, o Marcos, também nosso colega de trabalho, foi aceito na “Katcha”... Aos poucos nosso clube vai crescendo, se transformando... Já não temos mais a empolgação daqueles anos... Muito mais que nos reunir para tomar uma cerveja... Reunimo-nos para celebrar a nossa amizade!!!

E realmente é o que importa... Cultivar amigos... Lembrar histórias... Viver novas façanhas!!! Eu sei que conto de fadas não existe... Mas escrevemos uma linda história lá no shopping Iguatemi de Porto Alegre... Não encontrei o príncipe encantado... Ganhei um amor verdadeiro e amigos leais para sempre... Pra mim já é uma bela realidade!

Olha aí a Laura, a Déia, eu e o príncipe!!



Bjinhos... Um especial para a minha amiga Laura, minha cupido...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sobre a morte...Sobre a vida!

O dia de hoje é meio estranho. É um dia para cultuarmos a morte, mas não a nuvem cinza que paira sobre essa palavra... Relembrar das pessoas queridas que estiveram ao nosso lado e que precisaram partir. É um dia difícil também, porque quando perdemos alguém usamos do tempo para tentar amenizar a dor, a saudade, e essa data geralmente trás tudo á tona... Nos deixa desconfortáveis com o nosso sentimento, com as nossas superações.

Não gosto de cemitério, nem aquilo que ele representa... Não sou a favor te contemplar um túmulo, colocar flores e orar. Um pedaço de concreto, de restos, não conforta para mim a perda de alguém... Mas os pensamentos, o sentimento que carregamos dentro do coração... Esse sim invoca a alma... Estimula tributo e floreia o espírito.

Talvez, ao contrário de mim, hoje você já tenha dedicado um tempo visitando o túmulo de alguém que perdeu... Importante fazer isso se lhe representar algum conforto. O que vale é entender que a dor da saudade nunca será provisória, passageira, estática... Ela nos acompanhará todos os dias, mas aprenderemos a sobreviver, através de lutas diárias a enfrentá-la, a transformá-la em uma saudade sadia, revigorante, cheia de força para continuar vivendo.

Para terminar, aproveite o dia de hoje, tão cheio de reflexões para lembrar que você está vivo e tem a obrigação de continuar fazendo o seu melhor, o seu tudo... Faça primeiro por você, depois em homenagem a quem daria tudo para estar ao seu lado desbravando a vida. Doe seu tempo ás coisas importantes do mundo... Liberte-se de tudo que sufoca o seu espírito e abra seu corpo e sua mente para vibrações positivas. Deixe a luz entrar e tomar conta de você. Viva hoje, viva agora... Só temos essa... Torne-a importante para você!

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quarto escuro

Ainda inspirada pela Martha Medeiros, já mencionei que estou lendo um dos seus livros de crônicas e me interessou uma em particular que colocava em pauta a divisão de quartos entre irmão. E quando falamos em dividir o quarto estamos falando em dividir uma parcela relevante da nossa vida, pois é lá que geralmente nos refugiamos, tomamos fôlego, nos entregamos ao choro, às risadas... Um pouco de tudo!

Eu nunca dividi o quarto com o meu irmão, para a minha tristeza, porque ao contrário da maioria das minhas amigas que se batiam em beliches nas suas casas, eu as invejava por estar sozinha no meu. Com certeza tendo um quarto só para mim tinha autoridade total para colocar um pôster dos “Menudos” na parede e deixar a casa da Barbie montada não provisoriamente, mas volta e meia pegava as minhas tralhas e bandeava para o quarto dele. Eu fazia uma bagunça geral... Usava naquela época as fitas cassetes para fazer de sofá das minhas bonecas e ainda pegava seus “Playmobil” para fazer de filhos das mesmas. É claro que quando ele chegava em casa eu arcava com as conseqüências da invasão.

Sem falar que eu morria de medo da madrugada. Como qualquer outra criança tinha pesadelos horríveis e como sempre fui noturna, custava a pegar no sono e ficava muito difícil manter os olhos fechados sem pensar em alguma bobagem. Parecia que sempre tinha alguém me observando... Eu recolhia o meu travesseiro e corria sorrateiramente para o quarto do meu mano. Montava uma cama de almofadas ao lado da sua e boa noite! Pela manhã era pisoteada, mas tudo bem... Melhor que ficar sozinha e com medo. Acho também que o grande atrativo chamado televisão me faziam optar pelo outro quarto. A não ser quando ele me fazia de controle remoto, aí eu me arrependia de ter entrado. Era impossível não se render aquele quarto. Além da televisão tinha som embutido na cabeceira. O meu quarto era todo rosa e quando falo em todo é todo mesmo. Minha cabeceira era um imenso coração almofadado rosa. O pior é que ainda curto a cor, mas claro que nas suas devidas proporções.

Depois de alguns anos torturando o meu irmão que se vingava das minhas bagunças enforcando as minhas bonecas no ventilador de teto, descobri que a solidão, que eu tanto evitava depois se tornou uma grande amiga, uma parceira nos percalços da adolescência. Não tinha nada melhor que fechar a porta do meu quarto, do meu templo rosa e viver o meu mundo, aquele mundo construído especialmente pra mim, do meu jeito, com as necessidades que me cabiam. Mais tarde ganhei uma televisão, usada, mas já vale... Depois um telefone, um som... Até que o meu irmão saiu de casa e seu quarto perdeu toda a graça. Obviamente anos depois herdei os móveis, os repaginei, é claro, mas ainda me recordo da sensação de proteção que tudo aquilo me representava.

Mais que a vontade de dividir um espaço, era a minha vontade de dividir o contato. Sempre fui a irmã caçula pentelha, que enchia o saco, mas que morria de orgulho do irmão mais velho. Poder estar com ele, naqueles momentos era especial e tenho certeza que também para ele. Sair do meu quarto escuro fez parte do meu crescer... Mas, o mais importante sempre foi encontrar a luz que só a companhia dele me proporcionava. Foi amontoada nas amolfadas que descobri que aquele cara seria mais que uma companhia para as noites de terror... Estaria ao meu lado pra sempre...

Bjus... Boa semana!!