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quarta-feira, 6 de março de 2013

A Barriguda do Condomínio

Eu mudei de CEP... De casa, de planos... Realizei um sonho! Voltei a respirar velhos ares e conviver com quem mais amo, mas ainda deixei parte de mim no lugar de onde vim. O maridão ficou terminando a sua missão. Tudo bem, faz parte das lutas do dia-a-dia... Conviver com a saudade, com a imensa vontade de curtir o novo momento, ainda um pouco sem graça sem ele aqui!

Na minha chegada, é claro, houve chororô, risadas e aquela pitadinha de "será que é verdade?". Já me esbarrei com gente muito querida na rua, com quem fazia tempo que não via e com lugares que sempre me fazem sorrir. Porém, o que mais me surpreendeu até agora foi o pensamento fértil, quer dizer, malicioso de quem não me conhece e cria suas próprias conclusões.

Na minha atual residência ainda sinto olhares discretos e outros diretos sobre mim. Até então normal, sou um corpo estranho adentrando um recinto que já identificou seus habitantes, mas devido a minha barriguinha pretuberante resultante de uma gravidez de 6 meses e a falta da presença de um homem ao meu lado causei um pouco de interrogações. Sem falar que a minha filha de seis anos desfila pelo condomínio toda confiante chamando somente pela mãe.

O porteiro, não aguentando a curiosidade foi obrigado a perguntar se existia um marido na história. Algumas pessoas viram o tal do marido passar um final de semana em casa e depois sumir do mapa. Não sei, mas acho que ganhei alguma fama. Entro e saio sozinha carregando uma barriga e uma filha já criada com a única referência de ter um irmão como vizinho.

Os outros porteiros, não tão diretos, interfonam para confirmar os telefones para contato, sempre perguntando se há outro celular ou outro nome para referência. Impressionante como somos capazes de viajar na imaginação e criar vida nova para as pessoas. Num piscar de olhos me tornei a barriguda sozinha do condomínio.

Juro que tudo isso só me causa risadas. Até porque a notícia colhida na portaria já deve ter vazado e descobriram que existe um marido; um pai para a filha... Um pai para a barriga. Outros mais discretos ainda devem estar tentando decifrar o meu enigma. Mesmo dizendo ser pouco curiosos duvido que a pulga não esteja rodeando suas orelhas. Aposto que adorariam que a história fosse a imaginada: Sozinha e grávida!

Adoro histórias interessantes, mas somente eu tenho o direito de dramatizar ou não a minha vida. Por hora, enquanto o marido não chega de vez a gente vai tirando sarro do momento. Eu empino a minha barriga e saio toda poderosa sabendo exatamente quem eu sou... isso é o que importa!

Bjus!!!!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Desabafo...

Não sei explicar o que aconteceu em Santa Maria no meu Rio Grande do Sul na madrugada de sábado para domingo. É um daqueles casos que a gente vê pela televisão ou folheia o jornal e continua não acreditando. Você nunca viu aquelas pessoas, mas sente a sua dor como se fosse bem próximo. O meu marido me disse algo que parece ser um sentimento comum diante a essas tragédias: "Tenho vontade de colocar nesse momento todas as pessoas que eu amo embaixo dos meus olhos".

O perigo está sempre presente na nossa vida e de alguma forma convivemos com ele sem pensarmos que um dia podemos passar por uma situação de risco. Talvez essa seja a maior causa de acidentes... Seja ele num carro, num parque, em casa ou numa balada. Precisamos estar ligados a tudo a nossa volta e principalmente ensinar aos nossos filhos o quanto é importante ter medo de algumas coisas. Não o medo que te impeça de tocar a vida, mas o medo que te faça esperto. Os adolescentes tem na sua natureza a extraordinária habilidade de ver a vida colorida. E ela é bonita mesmo, porém precisa ser vista com responsabilidade.

Além de tudo isso, é claro, é evidente que a nossa segurança é falha. Existem sim processos e procedimentos adequados; vistorias e recomendações, mas vivemos num país na qual o "jeitinho brasilleiro" é sempre a melhor saída. É o que explica uma casa noturna lotada com quase o dobro da sua capacidade; pessoas não treinadas para situações de risco e principalmente uma estrutura incapaz de salvar vidas. Aliás, como um estabelicimento sem saídas de emergência pode ter alvará de funcionamento?

As perguntas ficam e a preocupação com o futuro também. Mães iguais a mim que perderam a noite e passaram o dia pensando que poderia ser com seus filhos querem respostas. Não há dúvida que o povo gaúcho e brasileiro seja solidário e esteja abraçando esse caso tão triste com tanta misericórdia, todavia não sobreviveremos nós e nossos filhos só com boas intenções. Precisamos de atitudes sérias; fiscalização e rigidez nas nossas leis.

Infelizmente não há como mudar a história. Não há como apagar aquela noite e trazer todos de volta, mas há como viver o presente com intensidade. Apegar-se a quem está ao seu lado e tentar viver plenamente. Preocupar-se com as coisas do dia-a-dia; estar atento aos riscos naturais da vida; preparar os filhos para crescer com responsabilidade; amar simplesmente. A vida é curta, ninguém sabe a hora da partida. Seja agora a mudança na sua vida... Abra a janela e agradeça por estar vivo!

Força Santa Maria!