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quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Larvas


Estava eu e o Marcelo num bar alternando papos com mordidas de um suculento hambúrguer quando pintou a conversa sobre maturidade. Na verdade, tudo começou quando nós dois, já cansados, depois de uma semana intensa analisando e decidindo novos projetos lembramo-nos de quanto era bom e fácil ser adolescente e ainda assim reclamávamos.

Trouxemos à tona as lembranças de quando morríamos porque precisávamos estudar para uma prova ou quando nossos pais nos negavam alguma coisa ou alguma balada. Quando a nossa única responsabilidade era acordar cedo para ir á escola e pensar no que faríamos no vestibular.

Tudo bem que decidir tão novo o que se fará pela vida inteira não é tão fácil assim, mas quando crescemos, não só de corpo, mas de cabeça descobrimos que podemos ser muito mais do que planejamos na adolescência e que sonhos podem ser modificados, alterados, melhorados, ajeitados e quantos mais “ados” forem necessários.

É claro que a vida adulta tem seus encantos. É maravilhoso ser independente e ter muitas questões resolvidas dentro da cabeça. Porque nada mais chato que ter as dúvidas existenciais do adolescer. Nada melhor que sentir-se confiante e amado. Tem gente que mesmo depois da experiência ainda procura tudo isso, mas aprendeu também que a vida aos poucos se incrementa.

Já no carro, voltando para casa, quase duas horas da madrugada, com saudade da disposição da juventude ouvimos no rádio uma música que fechou com “chave de ouro” toda a nossa conversa. Aquela música que tocava no rádio, lá pela meia noite, quando já deitados chorávamos por um amor não correspondido.  Foi impossível não segurar a gargalhada e soltar um suspiro de nostalgia. A saudade de uma fase única que passa tão rápida e deixa marcas eternas.

E é assim mesmo que a vida se apresenta para todos nós. Cheia de fases e momentos diferentes que nos transformam. Vivemos o passado, o presente e aguardamos o futuro, como diria Raul Seixas, em constante “metamorfose ambulante”. A inocência dá lugar a maturidade e quando rimos da nossa ingenuidade do passado, lembramos que precisamos do tempo para seguir em frente. De repente, deixamos para trás um pouco de toda alegria sem medida que tínhamos ás custas de um crescimento e de uma responsabilidade exigida pela sociedade... Porém, podemos dar espaço a essa criança que insiste em rodear os nossos dias. Não precisamos voltar a usar fraldas, mas podemos pedir colos e sorrisos. A vida madura só tem sentido se trouxermos para ela as coisas boas das fases passadas.  Se depois de larvas nos transformarmos em felizes borboletas!
 
Segue um vídeo de uma música que embalava a minha madrugada...


Bjus!!!

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Uma pilha de potes no meu caminho...


Imagina um supermercado com suas pilhas de alimentos no meio dos corredores ornando o seu interior. Com isso em mente pensa numa pilha de potes de queijo parmesão ralado entre o setor de frutas e verduras e as carnes. Agora me visualiza empurrando um carrinho pesado tentando fazer a curva em volta dessa pilha. Sabe dominó quando você empurra uma peça e todas as outras caem junto? Foi assim mesmo que aconteceu ontem comigo no supermercado... Um estrago nos potes de queijo ralado... E o barulho? Todos os olhos do recinto pairavam sobre mim e foi impossível não me sentir a ré da vez.

Um funcionário muito simpático correu para me ajudar e me tranquilizou: - A senhora não se preocupe que eu arrumo tudo, essas coisas acontecem! Pronto, meu herói do momento! Coloquei alguns potes no lugar, empinei o corpo e continuei as compras como se nada tivesse acontecido.

Somente mais um desastre de supermercado igual quando você tira uma laranja do lugar e outras 2, 4 ou 6 saem rolando pelo chão. Ou quando atropelamos o calcanhar de alguém com o carrinho; ou quando sujamos os dedos pegando um iogurte com a tampa violada, ou a água sanitária que não está bem fechada ou o previsível saco furado de açúcar. Mais trágico que a minha pilha destruída de queijo ralado, seja talvez deixar cair um vidro de conserva de azeitona, ou pepino, ou geleia e provocar aquela sujeira no corredor.

Pior de repente do que todas essas enrascadas seja a hora do caixa. O valor descomunal que aquela minúscula tela insiste em nos mostrar. Porém, nada se compara com o trabalho cansativo e repetitivo que uma simples ida ao supermercado proporciona:

 - Arrumar uma vaga que não seja para idosos. Desculpa-me os mais experientes, mas me parece que todo o estacionamento virou prioritário;

- Encontrar um carrinho que não faça muito barulho e que deslize pelos corredores sem travar;

- E o início da saga: Tirar os produtos da prateleira... Colocá-los dentro do carrinho... Tirá-los do carrinho... Colocá-los na esteira do caixa... Colocá-los na sacola... Colocar as sacolas de volta para o carrinho... Tirá-las do carrinho e colocá-las no porta-malas... Tirá-las do porta-malas e colocá-las no chão da cozinha... Tiras os produtos da sacola e finalmente guardá-los nos armários e geladeira.

Ufa, que trabalheira! Meu pai, muito cômodo diria que seria mais fácil fazer as compras pela internet, visto que muitos supermercados já oferecem esse serviço. Com certeza seria mais prático, mas perderíamos a oportunidade de socializar; de sair na rua; de degustar amostrinhas; de escolher frutas frescas; de pegar uma promoção relâmpago; de comprar sempre mais o que tem na lista; de enfrentar uma fila; de esbarrar com alguém conhecido; de deixar o carro para lavar no estacionamento do “super”; de destruir pilhas de potes e tal.

Eu confesso que gosto de ir ao supermercado, porém sei de todo o caos que ele me proporciona também. Os pequenos incidentes como o meu ontem são normais. Ainda mais eu tão acostumada a cometer gafes. Tudo bem sou o retrato completo da mulher que cuida de tudo e de todos. A supermãe, esposa e gerente do lar. E ainda há quem diga que eu não faço nada.  E isso que a pilha de potes destruída é apenas um aperitivo de todas as dificuldades que o trabalho de casa proporciona. Quer tentar?
Bjus!!!
 

 

sábado, 11 de agosto de 2012

Não é Super Herói, mas me ensinou a voar...


Hoje uma amiga postou em uma rede social coisas que lembravam seu pai que já partiu. Fiquei emocionada lendo atitudes tão simples praticadas por eles. Evidentemente lembrei-me do meu pai, o seu Dudu, e de mais um dia dos pais que vai faltar aquele abraço. Tudo bem, ele sabe o quanto o meu pensamento e todo o meu amor vão preencher o seu coração amanhã e em todos os outros dias do ano.

Meu pai nunca foi àquele cara muito social. De levar para a praça, para o parque ou para a praia. Não me lembro de férias ao seu lado, mas lembro da sua presença em momentos cruciais da minha vida. Quando me mandava levar o cheque na secretaria para pagar a escola; Quando ficava sentado no carro ao meu lado esperando a hora do sinal bater;  Quando esquecia eu e a minha mãe na porta do supermercado porque seguia direto para casa; Quando me dizia que não precisava de outra boneca ou quando me perguntava se o tênis novo era para a escola.

Ele não me deixava dormir aos sábados até tarde porque precisava aproveitar o dia; Fazia cara feia se não sentássemos os quatro ao redor da mesa para compartilhar uma refeição. Gostava de receber as minhas cartas e os meus cafunés. Não entendia porque eu limpava seus beijos babados e porque minha voz tão fina e minhas danças tão extravagantes preenchiam a casa. Ele me ensinou a dirigir e a não dirigir; a fazer comida; bater um prego na parede e a importância de uma cola, fita e "durepox" na rotina de uma casa.

Meu pai não gostava de festas e badalações. Nos meus aniversários estava sempre lá, mas sua enxaqueca também. Não conseguiu me tornar colorada, mas me ensinou a gostar de futebol. Ele não me levava para tomar sorvete, porém me ensinou quase tudo sobre a vida. Aprendi com ele a ser forte e independente; corajosa e opiniática. Ele me deu desde pequena o maior presente: A confiança!

Com meu pai eu aprendi a não deixar nada para depois e a quebrar a cuca para resolver um problema e que muita coisa pode ter concerto. Com ele eu aprendi que educação é a melhor herança para se deixar para os filhos e que família é algo sério e complicado.

Eu aprendi com o meu pai que ser mulher é ser especial e que o meu irmão deve ser sempre o meu maior parceiro. Que o dinheiro vem e vai e que as dores e as doenças só são maiores que nós quando não a enfrentamos. Eu aprendi com ele que o tempo nos transforma... Que a vida pode nos mostrar milagres e que a sorte anda sempre ao meu lado.

Hoje, mesmo já sendo uma mulher feita e madura, ainda sinto-me a princesinha do papai. Enxergo nos seus olhos a sua admiração e o orgulho por quem me transformei. Somos muito parecidos e diferentes. Temos alguns trijeitos e algumas mesmas manias. Temos pensamentos conflituosos e visões opostas de alguns assuntos. Porém, não posso negar que corre nas minhas veias esse poder que somente ele tem de me deixar segura e acreditar em mim mais que eu mesma...

Feliz dia dos pais a todos esses caras que se dedicam a construir filhos fortes e corajosos... Um beijo especial para o meu pai... AMO-TE HORRORES!!!!




segunda-feira, 6 de agosto de 2012

FIREWORK


Fui ver esse final de semana, á pedido da Mari, o documentário sobre a última turnê da cantora Katy Perry. Ela que é o sonho das adolescentes e das menininhas iguais a minha, me fez sair do cinema com uma palavrinha em mente: “FIREWORK”!

Não posso negar que curto as músicas dela e toda a alegria que ela irradia. Talvez a Mari seja encantada pelo festival de cores, perucas e roupas exuberantes que ela desfila em shows e clipes, mas, é incontestável a sua grande percepção pelo diferente que pode dar certo.

Essa música em particular, “FIREWORK”, me encanta porque ela diz que podemos ser o nosso próprio fogo de artifício. Naqueles momentos em que nada acontece, ou que a nossa vida não parece ter o rumo que gostaríamos, a Katy diz: “Você sabe que ainda tem uma chance para você? Porque há uma faísca em você... Você só tem que acendê-la e deixá-la brilhar... Porque baby, você é um fogo de artifício... Vá em frente, mostre o que você vale...”

É aquela velha história de que motivação é algo intrínseco, de dentro para fora. Muitas coisas ao seu redor podem lhe motivar e incentivar a andar para frente, porém, está dentro de nós o velho estopim, tanto comentado por mim aqui mesmo nesse diário virtual.

“Baby, você é um fogo de artifício... Vamos, deixe suas cores explodirem... Você não tem que se sentir como um desperdício de espaço... Você é original, não pode ser substituído... Se você soubesse o que o futuro guarda... Depois de um furacão vem um arco íris...”

Algumas tempestades podem durar mais tempo do que parecemos aguentar, todavia não será para sempre que as tormentas estarão nos nossos calos. Vive-se na sombra para encontrar a luz... A lágrima que escorre sobre a pele no momento de dificuldade é a armadura para todos os próximos sorrisos. Diante milhares de portas que podem estar fechadas sempre terá uma aberta. De repente está nela a sua felicidade. Está nela a sua chance de acender o pavio e estourar o seu fogo.

Encontre nas pessoas ao seu redor alavancas para sentir-se aquecido, mas não dependa somente delas para estourar. Mais uma vez... Seja seu próprio fogo de artifício... Encontre em si a coragem e a força para ser você mesmo!

Bjus!!!!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Caminhos Pontilhados

Tem dias que eu não sei se acredito mais no destino ou nas ações do homem. Se todos tem uma sina ou se somos capazes de empurrar para frente nossos sonhos.

De vez em quando eu e todo o resto do mundo talvez parece carregar um fado. Não importa o quanto de sacrifícios e novos caminhos eu procure, volto sempre ao ponto de partida. Traço planos ou esqueço-me deles; Crio expectativas ou administro-as. De uma maneira ou outra tudo aquilo que eu acho ser o melhor anda para trás ao invés de progredir.

Há quem diga que somente Deus é capaz de decidir o que é bom ou ruim para a nossa vida. Eu acredito, mas, as vezes, para chegar no melhor é necessário experimentar outros caminhos.
É como se durante toda a vida devêssemos ser ou ter apenas uma escolha. Seja um amor, um trabalho ou um problema. Algo que nos persegue, que nos trasforma em especialistas e que, mesmo cômodo, também sufoca e exige mudança.

Parece-me vez e outra que entro numa tenda colorida num parque de diversões e me deparo com uma cigana pedindo para ler a minha mão. Nas linhas da palma ela vê a minha saga. E em todas as sinuosas curvas que a minha mão desenha aparece sempre o mesmo sonho, porém também sempre a mesma realidade que o contraria.

Será que uma bola de cristal, cartas de tarô, búzios e médiuns seriam capazes de decifrar o meu futuro? De encaixar os meus pensamentos com as possibilidades do momento e transformar os meus desejos em ações concretas? Talvez todos esses artifícios possam me iludir ou me empurrar para o meu objetivo, mas, por mais que eu lute contra os desejos de Deus e a s vontades do universo, não há dúvida que está dentro de mim todo o poder capaz de transformar o meu destino.

Está no poder do meu cérebro e nas batidas do meu coração a vontade de ser maior que qualquer sina. Que qualquer resposta negativa e qualquer pessoa que diga que eu não sou capaz. Os contratempos da vida são pegadinhas desse tal destino. Um teste para a nossa força. Não a certeza absoluta, mas a possibilidade de fazer escolhas certas.

Não é fácil tornar-se esse ser equilibrado e cheio de segurança. Há momentos que o choro e a queda são inevitáveis. Aqueles dias que dão vontade de desistir... De erguer a bandeira branca e pedir para recomeçar. De repente o recomeçar não seja iniciar do zero, mas colocar os pensamentos no lugar. Não perder a esperança, a fé nas pessoas e no poder de algo superior. Acreditar em si e contar um pouquinho com a sorte. Ter a consciência que o destino está traçado com linhas pontilhadas. Linhas capazes de trilhar novos rumos. Um dia de cada vez... Um passo depois do outro... O hoje é mais importante que o amanhã... Assim deveria ser!

Bjus!!!