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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Cigana - Joinville - Parte V

      No aeroporto de Navegantes já comecei a sentir um calor diferente. Um calor que abafa, sufoca, pede água. Foi com esse calor todo que chegamos em Joinville, em fevereiro desse ano. Ganhamos de presente a possibilidade de estar mais perto da família e a chance de desacelerar, mudar o rítmo... Deixar para trás uma vida corrida de SP, para nos adaptar a um povo mais lento, mais calmo, com mais qualidade de vida.
      Confesso que no início foi muito difícil parar no caixa do supermercado e conversar como se eu não tivesse pressa. E não tinha, na verdade. Durante muitas ocasiões fomos surpreendidos com gestos "absurdos" de boa educação... Nós, acostumados a uma terra que corre para tudo, que mal se olha nos olhos... Foi estranho, mas depois revigorante. Como é bom ver alguém sorrir ao passar por ti e te desejar um bom dia mesmo não te conhecendo.
      Joinville é a maior cidade de Santa Catarina e a mais rica, mas com aquele arzinho de cidade do interior, que começou a construir prédios, que acha que é grande! É a cidade das flores e das bicicletas... E são muitas, no trânsito a gente desputa espaço. É um reduto de deliciosas padarias e costumes alemãs. Aqui é normal entrar dentro de uma padaria e ,ao invés do café com pão de queijo, pede-se chá com torta. E que tortas!!!! Por isso que agora eu pedalo muuito para compensar essas delícias!
      Porém, eu preciso contar que o que mais me deixa a vontade na cidade é o fato de nós não parecermos extraterrestres...Há muitos gaúchos por aqui! Tem sempre um guri ou uma guria perdidos pela cidade e pedir uma simples "bergamota" não é motivo para cara de espanto. Sem falar, é claro, daquele arzinho de praia que vez ou outra pinta por aqui.
      É claro também que tenho o meu ponto negativo, tudo tem dois lados, já falamos disso. Minha bronca com Joinville são suas famosas chuvas. No verão, todos os dias cai uma garoa, ou simplesmente fecha o tempo. No inverno o sol demora para aparecer. O céu cinzento cobre os morros que circundam a cidade. Nunca fui para a Europa, mas deve ter alguma semelhança.
     Eu, como uma boa cigana, não vou terminar essa saga por aqui. Hoje estamos curtindo e desvendando mais essa parada, mas sabemos que esta será também mais uma passagem. Outros amigos, outras vivências...
     O que vale ressaltar depois dessas cinco partes é que não importa onde você esteja. Se na sua cidade natal ou viajando por aí igual a mim. Não viva provisório! Viva intensamente cada dia, não importando o dia da despedida. No início me preocupava em criar vínculos com as pessoas porque teria que deixá-las. Hoje eu sei que esses vínculos são importantes e que fazem parte da minha caminhada. Os verdadeiros amigos estão sempre ao nosso lado, não importando a distância. O bom de ser cigana é poder descobrir cada canto da cidade, cada costume, cada pessoa. Então, o meu conselho para quem vive igual a mim é: Se joga... Curta... Sinta... Respire e incorpore seu novo lar... Tenho certeza que tudo fica mais fácil!
    Essa não é uma história final, mas uma pausa para futuros próximos capítulos....
    A gente se vê por aqui!!
    Bjus!!!
    

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