Páginas

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Erva de Estranhos

Eu estou de férias em Porto Alegre e, mesmo a conhecendo durante a minha vida toda ainda me surpreendo com características próprias e inusitadas que a cidade apresenta. Características culturais que transformam “POA” na minha cidade especial.

A última agora foi enquanto eu visitava a minha sogra no hospital Santa Casa após uma cirurgia de joelho, muito bem sucedida por sinal. Estava me dirigindo ao prédio que estava internada quando me deparei com uma lixeira de restos comuns ou orgânicos e lixo seco. Até aí tudo normal... Porém, para facilitar a coleta havia exemplos em cima de cada lixeira. O primeiro da lista era ERVA MATE... Claro! Como não poderia ser diferente; o resíduo mais encontrado na casa dos gaúchos.

Porque o chimarrão aqui é sagrado. Além de ser uma iguaria local é um ótimo passatempo para quem tem que esperar ou fazer companhia para alguém no hospital. Por outro lado, o que poderia ser somente distração pode também virar motivo para internação hospitalar. Algumas pesquisas afirmam que aqui no Rio Grande do Sul há uma grande incidência de câncer no esôfago resultante do chimarrão. Das longas rodas de mate quente ao longo dos anos.

Eu duvido muito que o verdadeiro apreciador dessa bebida deixe de saboreá-lo mesmo sabendo dos riscos que ele pode causar; exemplo vivo é o meu cunhado que mesmo com uma traqueostomia resultante de um câncer na garganta, não consegue falar, mas não dispensa seu hábito diário de tomar chimarrão. Até eu que não sou muito fã de chimarrão não resisto a ele quando estou por essas bandas. Acho até que é uma forma de me sentir mais próxima da cidade. De voltar a respirar ares gaudérios!

Os anos morando longe me desacostumaram a encarar lixeiras de hospitais como as que vi nessa semana. Talvez seja por isso que outras cidades fora do estado nos enxerguem como extraterrestres. Além do sotaque carregado, levamos em baixo do braço uma garrafa de água quente e uma cuia com erva amarga que nos faz rir e compartilhar. Não sei se somos Ets, mas, no mínimo, somos muito estranhos... Para não dizer que somos loucos! O importante é que somos felizes do nosso jeito. Apreciamos e valorizamos o que é nosso, da nossa terra. Nos desculpem o resto do Brasil, mas adoramos ser estranhos!

Espia a lixeira do hospital Santa Casa de Porto Alegre:



Bjus!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário