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quinta-feira, 3 de março de 2011

Divisores de Água

Comecei a ler um livro chamado “A Menina que Roubava Livros” de Markus Zusak. É a narrativa da morte sobre uma menina na Alemanha da época de Adolf Hitler que logo depois de ver o seu irmão morrer é largada pela mãe aos cuidados de outra família. Durante quatro anos ela rouba livros e, são eles que norteiam sua vida nesse período de guerra e a mantêm viva.

Ainda estou no início da leitura, mas me encantei com uma frase do livro que diz assim: “As pessoas tem momentos definidores, especialmente quando são crianças”. Você já parou para pensar nisso? Geralmente quando somos crianças vamos construindo divisores de água. Aquele tombo bruto que lhe fez levar alguns pontos na testa, mas que não o fez mais escalar o muro do vizinho. O xixi na cama que depois de uma longa conversa com sua mãe lhe iluminou a acordar de madrugada super apertado e ir correndo ao banheiro.

Quando criança também você vai aprendendo a escolher suas amizades. A lidar com as mágoas e frustrações, com os anseios e com as conquistas. Na infância também começamos a nos transformar em gente grande. Do primeiro beijo e a sensação de ter encontrado o amor... Da primeira nota dez e a sensação de poder tudo... Da primeira nota zero e a sensação de derrota total. Dia-a-dia vamos descobrindo novas possibilidades e ruindo algumas barreiras.

Mas não é só como crianças que definimos alguns momentos. Já adultos constantemente construímos novas etapas e deixamos velhas crendices para trás. Sentimos-nos preparados para um novo emprego; pegamos-nos chorando por um amor que nos devastou, mas que nos abriu os olhos para o que realmente importa. Para a valorização pessoal, para a busca do próprio bem estar. Ao lidarmos com a morte e perdermos alguém querido impulsionamos nossa vida primeiro para um caminho dolorido, de saudade, de revoltas... Mas, depois para um caminho de entendimento, de valorização de pequenas coisas e de demonstrações de afeto.

Aprendemos também dia-a-dia e passo-a-passo que nas dificuldades podemos nos transformar em seres mais fortes; mais vividos. Porém também nas alegrias e nas conquistas definimos caminhos. Depois do nascimento de um filho, das escolhas que fazemos para dar-lhes o melhor, aprendemos que a simples felicidade do outro é também a nossa própria. Quando encontramos um amor seguro e duradouro para compartilhar momentos descobrimos que amar e ser amado é ganhar na loteria. Descobrimos na pessoa ao nosso lado a companhia ideal para enfrentar os desafios da vida.

O que precisamos entender é que junto com os nossos divisores de água anda o tempo. Ele dita muitas coisas e nos faz exercitar a paciência. Queremos a mudança, queremos a evolução, mas algumas vezes precisamos dar tempo para os próximos passos. E não há ansiedade maior que esperar por algo que você queira muito que aconteça. É aí que precisamos transformar-nos em guerreiros e viver o que nos é mostrado agora no presente. Lutar pelo futuro, mas não esquecer que o agora sempre é o mais importante.

Até a próxima... Bjus!

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