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quarta-feira, 23 de março de 2011

Ao Som do Violino

Quando eu tinha uns dezoito anos lembro que já trabalhava e juntei cada centavo para comprar meu primeiro computador. Hoje as crianças já nascem grudadas num mouse e em um smartfone, mas na minha adolescência tudo estava iniciando.

Fui com o meu irmão então numa loja e escolhemos a máquina. Paguei á vista toda orgulhosa e passava horas depois que chegava em casa do trabalho à noite fuçando em tudo. Naquela época não usávamos o MSN, nem Orkut, facebook e todas as redes sociais que hoje conhecemos. Usávamos uma ferramenta chamada ICQ. Meu Deus... Era bem parecido com o MSN... Uma janelinha que abria e fechava á medida que você conversava com alguém.

Não tinha costume de falar com ninguém... Até que um dia fui seduzida por um som. Comecei a bater papo com um rapaz da minha idade que tocava violino. Ele era muito simpático, engraçado e nos tornamos amigos virtuais. Tudo muito normal até o dia em que ele pediu o meu endereço e o número do meu telefone. E eu dei... (Por favor, não façam isso em casa... É muito arriscado... A gente não sabe quem está do outro lado do monitor).

Os meus pais estavam viajando de férias e, ao voltar do trabalho abro a caixa de correio e encontro uma carta dele toda perfumada, que segundo ele era o perfume que usava. Lembrando de tudo isso, dou muitas risadas, mas também fico me perguntando o risco que eu corri. Não me lembro muito do conteúdo da carta, mas algo como ele me dizendo que tinha gostado muito de me conhecer e que tinha encontrado uma amiga.

Achei tudo muito fofo... Nessa idade a gente não mede o perigo. Continuávamos conversando numa boa até o dia em que na secretária eletrônica eu ouço o som do violino junto com uma declaração de amor. Aí sim tomei um susto. Até porque todos em casa já haviam escutado o recado antes de mim.

Marcamos então de nos encontrarmos no shopping para ir ao cinema. Olha só a loucura da pessoa. Eu fui... Já tinha visto uma foto dele e sabia a roupa que ele estaria usando. Cheguei cedo e fiquei esperando escondida. Caso não aprovasse de longe dava tempo de fugir...

O reconheci subindo a escada rolante e confesso que não tocou nada dentro de mim. Junto com a frustração me bateu uma pena de fugir e deixá-lo lá esperando. Fui ao seu encontro, vimos o filme e acabei ali mesmo algo que nem devia ter se estendido. Porque loucuras a parte... Ele sempre me pareceu um bom amigo, mas eu sabia que nunca passaria disso... Em muitas coisas não combinávamos. Mas eu paguei pra ver... E perdi o amigo... Não nos falamos mais pelo computador.

O Marcelo, meu marido hoje, era meu amigo na época e sabia dessas histórias e me chamava de louca. Ele tinha razão. Eu é que não havia percebido ainda que a verdadeira história começaria tempos depois com ele... Não ao som de violinos, mas de muitos sinos tocando dentro de mim!

Bjus!!!!

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