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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

ELIXIR

Se não existisse espelho no mundo você sentiria que tem a sua idade? O nosso corpo à medida que envelhecemos nos sabota... Perde a força, fica lento, manso. Mas a nossa cabeça, ah, a nossa cabeça... Ela insiste em nos dizer que ainda temos pique e coragem para arriscar, ousar, se jogar... Se não fosse o espelho a nos mostrar no rosto o tempo passar e as nossas pernas não travarem diante de uma atividade prolongada pensaríamos que a idade nada mais é que um contar de números insignificantes.


Na verdade, não podemos supervalorizar a nossa idade. É muito comum ouvir: “Sou jovem de cabeça”. Porque o corpo pode sofrer mais rápido as conseqüências da maturidade, mas a nossa mente precisa trabalhar... Superar as armadilhas da vida e funcionar a toda velocidade. A nossa cabeça é nosso elixir... O remédio, a fórmula médica para manter o equilíbrio da vida. Porque equilíbrio evita estresse, depressão, mau humor... Nunca seremos robôs programados para viver sempre o melhor, mas podemos administrar nossas intempéries.

Sempre ouvi quando era adolescente que depois que completasse quinze anos a vida passaria voando. Não senti isso, mas foi só completar dezoito para a saga se concretizar... Fiz vinte, vinte e poucos e cheguei aos trinta. Pronto... Virei balzaquiana! E Já preocupada com a entrada dos “enta”... Porque depois dos quarenta você entra nos “enta” e só sai dele quando morrer. A não ser que esteja planejando chegar ao centenário.

Pode até parecer piada toda essa história, mas mesmo evitando viver só de planos, a velhice deve ser um pouco planejada. Não percebemos muito ela chegar, ela é sorrateira... Conseguir viver o presente da maneira mais saudável e realizada que pudermos é uma forma de entrarmos na maturidade com mais tranqüilidade. Com a certeza que podemos continuar aproveitando a vida, não nos deixando levar por ela.

Todos os anos ver uma velinha a mais no bolo de aniversário assusta um pouco. Faz a gente voltar no tempo e lembrar-se de como na infância queríamos crescer e fazer parte do mundo. Pronto... Conseguimos... Pegamos nosso lugar na vida! Crescemos e aprendemos há valorizar cada dia... A vivê-lo intensamente... Porque agora, diferente de quando éramos crianças, nosso tempo voa, corre na turbulência das nossas exigências, dos nossos confortos, dos nossos sonhos.

Daqui mais trinta anos quando eu já tiver passado da meia idade e for uma bela senhora de sessenta e poucos tudo ainda vai ser igual... Vou lembrar-me dos meus trinta e rir porque me achava já uma coroa. Vou lembrar-me de toda a vida que percorri e alcancei até ali, pois o ciclo não pára... Continuamos nos transformando todos os dias. Ficamos mais gastos, usados, enrugados... Mas a nossa essência está lá... Ela permanece... Acompanha-nos... Transforma-nos em jovens saudosos e realizados.

# Este texto foi publicado dia 24/02/2011 na minha coluna COTIDIANO no portal http://www.dentrodobairro.com.br/

Bjus!!!

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