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segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Padecendo no Paraiso

Ontem eu achei que tinha perdido a Mari. Pior até... Achei que a tinham levado de mim... Foi, sem dúvida, a pior sensação que já experimentei... A impotência de sentir o coração parar de bater por alguns instantes.

Estávamos eu, Marcelo e a Mari na festa de final de ano da Renner numa churrascaria. Muita gente, muito barulho, mas tudo dentro do normal e do previsível. Numa entrada lateral do restaurante havia um parquinho para as crianças. Tudo normal também: Cama elástica, bolinhas... Aquele paraiso infantil. É claro que a Mari queria brincar com as outras crianças e nos brinquedos... E foi...

Uma certa hora o Marcelo foi dar uma espiada para ver como e onde ela estava e depois dar uma circulada pelo lugar para conversar, enquanto eu continuava jantando. Ele não retornou para me dizer se tinha falado com a Mari então decidi ir até onde ela brincava. Foi nesse exato momento que o meu coração parou. Ela não estava lá... Nem seu sapato, nem seu cheiro... Nenhum rastro. Nada!

As pessoas passavam por mim e sentia-me um fantasma. Meu lábios tremiam, bem como as minhas mãos. Na minha cabeça só passava a idéia de alguém tê-la levado... Como aquilo estava acontecendo comigo? O rosto da minha princesa cegava os meus olhos e já estava ao ponto de gritar por socorro quando me lembrei que no estacionamento do lugar havia um grande Presépio. Desci as escadas correndo e rezei para que assim que eu me virasse enxergasse o meu pedaço de gente.

Bingo!!! Lá estava ela de mãos dadas com o Marcelo olhando o Presépio. Eu coloquei a mão na cabeça para ver se fazia elas pararem de tremer. Eles se aproximaram e não contive mais o choro. As lágrimas denunciavam o pavor de uma mãe desesperada atrás da sua cria. A peguei no colo e ela me abraçou e perguntou o que estava acontecendo. Eu só lembro de ter dito que achava que a tinha perdido. Ela me olhou e disse: - Eu estou bem mãe, só fui dar uma voltinha com o pai.

O choro transformou-se em sorriso e um alívio que tomou conta do meu corpo inteiro. Foi como se uma parte de mim voltasse a respirar... Como se o meu coração ganhasse vida novamente... Foram os cinco minutos mais aterrorizantes da minha existência. É claro que não a deixei brincar mais. Agarrei a sua mão e só fui soltar em casa. A coloquei na cama dormindo como um anjo e olhei para o teto do quarto tentando encontrar o céu. Eu queria agradecer á Deus por ela estar ali.

Ao lembrar do ocorrido mais cedo a vi correndo de volta para os meus braços e acho que fui mãe pela segunda vez... Tudo renasceu dentro de mim! Um "flashback" de momentos passaram em segundos dentro da minha mente: Seu sorriso desdentado de bebê; a primeira colherada de feijão; a cara feia com o primeiro gole do suco de laranja. O engatinhar pela casa; o primeiro aniversário e o primeiro passo. A primeira palavra; a ida para a escola, o primeiro xixi no chão da sala. O tombo de bicicleta, o primeiro corte de cabelo; as perguntas intermináveis e as brincadeiras de bonecas. Porém, o mais importante foi ouvir naquele silêncio do quarto uma voz que ecoava dentro do meu coração lembrando de todos os dias que eu a ouço dizer que me ama... Desse milagre de ser mãe... Igual a todas as outras que padecem, mas que são abençoadas e felizes á beça!

Bjus... Boa semana!

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