Páginas

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Desapegos

Eu e todo o resto do mundo temos a mania de guardar velharias. Em algum canto da nossa casa está escondido algum objeto, alguma peça de roupa ou alguma lembrança do passado que não temos coragem de jogar fora. Empilhamos em armários coisas que pressupomos voltar a usar ou utilizar um dia. Juntamos dinheiro na poupança para que, na velhice, quem sabe, possamos gastá-lo com atividades prazerosas. Mas quem disse que chegaremos a ser velhos?

Pior do que abarrotar guarda roupas é entulhar nossa alma com sentimentos antigos. Ficamos presos a sensações que já vivemos e não damos oportunidade para que o novo nos liberte. Acomodamo-nos e nos asseguramos de atitudes, desejos e soluções que um dia já foram importantes, mas que não tem lugar no presente.

É muito difícil praticar esse desapego. Abrir lugar para o desconhecido, se desfazer de tudo que um dia já fez nosso íntimo brilhar. Se abrir mão de objetos e pequenas relíquias já é complicado, imagine-se então abrindo mão de sentimentos... Não é fácil, mas uma atividade que deveríamos praticar diariamente.

Nosso apego por bens materiais e sentimentos do passado nos impede de viver plenamente. Freia-nos, nos cega diante de tantas novas possibilidades. Porque não podemos prever o dia de amanhã e nem lá adiante... Queremos que o futuro venha sorrindo e nos tornando felizes, mas não nos dão garantias... Somente um dia após o outro para construir o caminho... E nesse caminho há curvas, buracos... Pequenos ou grandes obstáculos que nos farão trocar a direção, adiar planos, modificá-los também... Se não estivermos desapegados de bens e de suspiros da alma nosso tombo poderá ser mais dolorido... Nosso percurso poderá não ter sentido.

É claro que guardar no coração boas lembranças e manter vivos os arrepios que nos trazem prazer é válido e diz muito de quem nos tornamos... Manter um dinheirinho guardado para alguma emergência também se faz necessário nessa vida sem avisos prévios... Só não podemos viver de passados e de futuros... Precisamos transformar o presente em uma luta saudável e acolhedora. Hoje precisamos construir valores que, quem sabe, no futuro também deixaremos para trás... O que importa é agora!

Este texto foi publicado dia 31/05/2011 na minha coluna COTIDIANO no portal http://www.dentrodobairro.com.br/.

Bjus!

Nenhum comentário:

Postar um comentário