A minha última sexta-feira já tinha sido agitada... Passei a manhã com a minha cunhada no hospital, depois fui encontrar a minha mãe e a minha outra cunhada em outro hospital. Resolvemos algumas coisas, fui esperar meu afilhado na escola para me despedir e só lá pelas 19h consegui sentar e tentar descansar.
A Mari estava dormindo e pensei em deitar um pouquinho ao lado dela antes de começar a arrumar as malas para retornar a Joinville no sábado. Deitei-me e antes mesmo de fechar os olhos saltei da cama a procura da minha bolsa. Revirei tudo e não encontrei a certidão de nascimento da Mari. Pronto! Já está armada a confusão. Como eu conseguiria embarcar no aeroporto sem a documentação da Mari? Como eu não seria confundida como uma seqüestradora de crianças lindas e inofensivas?
Liguei para o Marcelo já aos prantos porque não me conformava ter esquecido a certidão. Logo eu, tão organizada, tão previsível das coisas. Cogitei então a hipótese de transferir a passagem para outro dia dando tempo para o Marcelo, que já estava em Joinville, me mandar o documento por sedex. Porém, em Joinville até o sedex é lento e calmo... E não poderia esperar muito porque o Marcelo viajaria na terça e perderia minha carona pra casa, já que minha passagem estava marcada para o aeroporto de Navegantes, uns 70 km de Joinville. Meu último e “atucanado” pensamento foi então cancelar a passagem e ir de ônibus, mas precisaria da certidão também para embarcar. Fiquei por alguns instantes sem saber o que fazer.
Quando tudo parecia estar perdido enxuguei as lágrimas e comecei os telefonemas. Primeiro para a companhia aérea que viajaria. Poucas informações, não teriam o que fazer. São normas da ANAC. Ligo então para ANAC e são eles que me falam uma frase que ecoou nos meus ouvidos: Vara da Infância e da Juventude! Na mesma hora liguei para uma advogada da família para ter algumas informações do Foro Central. Precisava descobrir se havia Juiz de Plantão para resolver esses casos, afinal já era quase oito horas da noite de sexta feira. Ela me informou que sim, só precisaria ligar para lá para ver como procederia.
Nessas horas é ótimo ter um computador com internet na frente... Em questão de segundos a gente consegue o telefone até do Papa, se fosse preciso! Liguei para o foro e me passaram para o setor de autorizações de viagens. Falei então com a funcionária Patrícia que me pediu via fax à certidão da Mari para poder continuar com o processo. Mais um problema então... Teria que lembrar-me onde deixei o documento em casa... Rezar para o Marcelo atender o telefone na faculdade e depois rezar ainda mais para ele procurar nos lugares certos... Sabe como é homem... Se as coisas não estão debaixo do nariz já vão dizendo que a gente escondeu!
Consegui falar com o Marcelo e o fiz correr para casa procurar a certidão. Indiquei um lugar, mas não estava. Aí me lembrei que estava dentro de uma bolsa de quando fui para Porto Alegre na Páscoa, mas não me lembrava qual bolsa... Eu sabia que essa minha mania de ficar trocando de bolsa algum dia me confundiria... Mas, para meu espanto minha sogra lembrava-se do modelo da bolsa e certeiramente o Marcelo encontrou o documento. Correu de volta para a faculdade para passar o fax e eu fui de carona com o meu cunhado até o Foro buscar a autorização. Chegamos em casa quase dez horas da noite, mas com o carimbo do juiz autorizando o embarque da Mari... E garantindo que eu era a mãe dela. Ufa!!!! Agora, depois dessa correria vou providenciar a carteira de identidade dela... Pra ficar sempre na minha carteira, não importando a bolsa que eu use.
Ainda bem que sempre tem um jeito da gente tentar resolver as coisas... Primeiro nos sentimos perdidos e de mãos atadas... Mas depois, com calma colocamos nossos pensamentos no lugar e encontramos uma saída, uma luz ou um conforto... O importante disso tudo é que chegamos em casa... Não fui barrada no aeroporto e não precisei mudar os planos originais. Às vezes é preciso mudá-los... Mas outras vezes é ótimo seguir o combinado...
Bjus... Boa semana!
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