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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Enxutinha

Desde muito pequena fazer aniversário é uma mistura de sentimentos que se conflitam o tempo inteiro. Ao mesmo tempo que sinto toda aquela alegria de ter um dia, que mesmo sabendo não ser exclusivo, faz-nos sentir especiais, sinto também uma pitadinha de nostalgia. Não fico triste, mas involuntariamente questiono a vida.

E não é somente o fato de ficar mais velha, ou mais experiente, é o fato de saber que a vida continua passando e alguns sonhos ainda não foram alcançados. É se olhar no espelho e enxergar a maturidade, mas ter ainda muito viva as lembranças do passado.
Ainda sou muito jovem, ainda tenho muito tempo e vontade para deixar as borboletas chegarem até mim, como diria o eterno Mário Quintana, porém a sensação revigorante de celebrar um aniversário confunde-se com a contabilidade de mais um degrau para a velhice.
Tenho medo de envelhecer sim... Tenho medo do olhar dos jovens diante a mim ultrapassada. Aquele mesmo olhar que eu fulmino a garotada cheia de hormônios que usa calça colorida e se acha importante.  Tenho consciência que já tive esse pensamento também; que já fui boba e adolescente; imatura e inocente; inconsequente e livre. Mas á medida que o tempo passa eu esqueço um pouco dos meus erros do passado e fico intolerante com os que precisam passar por essas etapas.
Eu olho para a minha mãe já coroa e imagino a minha filha com a minha idade me dando toques de modernidade. Dela segurando o meu braço para atravessar a rua; contando-me da sua felicidade por estar grávida. Da vida toda que ainda vai se abrir para ela... De todas as decisões e aventuras que já me foram apresentadas e que agora precisarei direcioná-la.
A minha esperança é que quando eu for mais velha tudo aconteça naturalmente como aconteceu até hoje... Chegar até os 30 foi mais difícil, agora a gente só segue o barco, o fluxo, a ordem natural das coisas... Preocupo-me em manter a minha mente aberta; os meus olhos brilhantes e o meu coração ainda a flor da pele. Não sou mais uma garotinha, mas ainda tenho a empolgação de velhos tempos atrás.
Não quero ser a eterna moça do bem... Nem procurar recursos que não demonstrem a minha idade. Tudo bem que um creminho aqui, uma tintura no cabelo ali... Uma plástica talvez para levantar o que a gravidade deixou cair... Mas nada que me faça parecer uma coroa sem espelho.
O importante mesmo é que quando o dia amanhecer amanhã vou tentar esquecer a idade e lembrar somente o que já conquistei até aqui. De todos os presentes lindos e verdadeiros que a vida me proporcionou. De todos os amores e afetos que carrego no peito. De todas as emoções que me fazem ser quem eu sou.
Das lembranças do passado que fazem parte da vida vou guardar pra sempre. Elas fazem parte de mim e também dizem muito de quem escolhi ser. Na verdade, á medida que o tempo vai passando eu descubro que a idade atual é sempre a melhor fase da vida. E se ainda não está perfeito, não precisa... Ainda tenho muito tempo para continuar sendo feliz...

Bjus!

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