E você? O que faz quando ninguém te vê? Cantarola no chuveiro? Tira “tatu” do nariz? Come um sanduiche triplo? Encolhe a barriga no espelho? São coisas simples e banais ou até comprometedoras. Atos impensados, fantasias, neuras e manias. A verdade é que quando estamos sós ou no silêncio dos nossos pensamentos fazemos coisas que até Deus duvida. Sem o julgamento da sociedade nos atrevemos a agir sem pudores e sem medir as conseqüências.
De repente, somente sentados tranquilamente no sofá já estamos quebrando a regra: àquela de que o trivial não trás felicidade. É claro que sim! Nada melhor quando ninguém por perto e você apropria-se do controle remoto e comanda a programação da televisão. Ou numa confortável poltrona devora um livro. Ouve um CD inteiro; fecha os olhos apenas e escuta o som do “nada”...
Não há como imaginar todas as possibilidades se fôssemos invisíveis. Uma mulher poderia estar depilando os pêlos do buço; Um homem poderia simplesmente estar “coçando o saco”. Desculpa a veracidade da descrição, mas geralmente é na nossa reclusão que fazemos o trabalho sujo: Pintamos o cabelo; cortamos o pêlo que insiste sair do nariz; tiramos a cera do ouvido com o palito de dente; emparelhamos a sobrancelha; cortamos as unhas que saltam longe; lambemos a colher que devolvemos para a travessa. Opa, desculpa mais uma vez... Misturar "tirar cera com lamber a colher" é meio nojento, mas sabe como é, escondidinhos nem ligamos para tal "sujeira literária". Quando ninguém nos vê chutamos o chinelo no meio do caminho; dançamos de roupa íntima; choramos com a novela; conversamos com o cachorro, o gato e o papagaio.
E muitas outras coisas gostaríamos de fazer, mas temos vergonha de nós mesmos. A única certeza é que na solidão da nossa invisibilidade podemos tudo: Ser belos e feios; lentos e velozes; medíocres e inteligentes; criativos e repetitivos. Podemos ser super heróis sem poderes; anjos sem asas; mágicos sem cartolas. Quando ouvimos o barulho da chave na porta e alguém se aproximando voltamos a ser nós mesmos... Que chatice!
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