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terça-feira, 15 de maio de 2012

Na ponta do Brasil!

Já faz algum tempo, mais de dez anos, que moro longe da cidade e do estado que eu nasci. E todas as pessoas que cruzaram ou ainda cruzam o meu caminho nessa coleção de lugares por onde já passei, estranham um pouco essa minha fascinação pelo Rio Grande! Como todo bom gaucho, sou bairrista assumida, sei de todas as qualidades do meu pampa, mas viver fora abriu também a minha cabeça para todos os defeitos que ainda cultivamos.

Não sei muito bem explicar essa relação com a terra que carregamos, mas como em qualquer lugar que mantém suas tradições possuímos extremo orgulho das nossas origens e de tudo que vem dos nossos rincões. Todos enfim deveriam ter esse orgulho de suas raízes; valorizar a sua terra e exibí-la.

Porém, ainda sim, é lá que pretendo fixar a minha morada. Na verdade, a cidade me faz muita falta... De frequentar antigos lugares; passar simplesmente naqueles que fizeram parte da minha infância e adolescência, mas, com certeza, se não fossem as pessoas que lá estão, qualquer outro lugar do planeta, eu acho, poderia ser o meu lar.

É claro que durante essa jornada fora de casa fiz e continuo fazendo muitos amigos. Pessoas importantes e especiais que entraram na minha vida de formas diferente, mas que igualmente ocupam o meu coração. As pessoas que me fazem falta são as da família e todos os amigos do passado, que, de uma certa forma fazem parte da grande família que construimos durante a vida.

Talvez o que muita gente não compreenda quando falo em voltar, seja o muito tempo sem poder falar a própria lingua. A velha história de fazer parte de algum lugar. De repente, para você isso soaria desnecessário, mas o estar longe me provoca essa solidão. Posso estar cercada de pessoas queridas e bem intencionadas, mas sempre falta algo... Sempre falta um tic-tac diferente no meu coração... Não precisa ser a batida perfeita, mas áquela que volte a contagiar-me por inteiro.

Não sei viver pela metade e me esforço sempre para entregar-me ao dia por inteiro. Acho que ao longo dos anos eu consegui me encontrar nesse novos lugares... Consegui respirar outros ares e ser feliz! O que acontece no momento é que minha respiraç ão ficou ofegante... Ela falha de vez em quando pedindo uma trágua. Meus pulmões querem respirar sem pressão e sem esforço... Querem a paz de casa.

Não sei ainda se consegui explicar a falta que Porto Alegre me faz... Hoje mais que antes... Depois que a aventura de viver longe de casa já fez aniversário e que já perdeu um pouco do charme, preciso da calmaria dos velhos sonhos. Porque aventurar-se para longe é sedutor. Conhecer novas pessoas e novas culturas é tentador. Com certeza foi a experiência mais grandiosa que já vivi até hoje. E a mais sofrida também... Pela saudade... Pelas doses homeopáticas de incentivos e coragem que aprendi a injetar em mim mesma. Por todo o amadurecimento e independência que adquiri entre choros e risadas.

Não sou feita de tristezas... Não valorizo mais as coisas ruins do que as boas, só preciso, de vez em quando colocar para fora as minhas dores... Escrevendo talvez... Escrevendo sobre essa saudade que hoje me sufoca, mas que em breve vai me libertar... Vou sentir falta de tudo que construí por aí afora, mas tá na hora de voltar a brincar em antigos quintais... Lá na ponta do país, no paralelo 30!


Até!

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